A colonização europeia ao redor do mundo foi brutal. Seja com os povos que já viviam nos países colonizados, seja com a fauna e a flora, mas também com a história desses lugares que sempre existiram e que sempre foram habitados. O caráter etnocêntrico e teológico da colonização e a mentalidade europeia, associavam o Novo Mundo ao demoníaco e ao bestial, assim como aos seus habitantes, associando-os a uma espécie inferior que necessitava de salvação. Salvação que na mentalidade europeia vinha na forma de colonização e cristianização. E se em muitos dos casos esses habitantes nativos não eram sequer vistos como pessoas, um massacre era uma das opções mais cruéis e mais utilizadas para começar do zero na nova terra. Não apenas nas Américas, mas em outros continentes e países do mundo, e isso inclui a Austrália.
Recuperar sua própria história e restaurar a individualidade são dois dos principais tópicos a serem estudados no que diz respeito à chamada descolonização. Não é de se espantar que o terror em territórios colonizados seja tão diferente se comparado a outros lugares, como a Inglaterra e a Europa. Casas mal-assombradas e espíritos não são um problema de fato; uma terra que foi banhada em sangue e morte para seguir em frente, precisa fazer as pazes com seus mortos e seus monstros. Monstros que eram diabólicos para os colonizadores, e espíritos de pessoas que tiveram sua humanidade anulada. Na América Latina temos um ótimo exemplo com o realismo mágico. Enxergar como mágico um território antes visto como demoníaco por suas particularidades e crenças é algo decolonial. Recuperar e transformar uma narrativa europeia em algo autoral é, de certa, forma aconchegante e único. Autores como Gabriel García Márquez e seus bebês com rabo de porco, Isabel Allende e sua clarividente que era irmã de uma sereia, Silvina Ocampo e seus contos com pessoas vivendo o dia a dia ao redor de fantasmas e mulheres metade animal trabalham bem esses temas.
Assim como o Brasil e outros países da América Latina são terra indígena e sofreram com a crueldade da colonização, o território australiano é terra aborígene e sofreu com a destruição de terras e massacre dos povos durante a colonização inglesa. Antes da colonização, a Austrália era habitada por tribos de aborígenes, que viviam na região há mais de 60 mil anos. A música The Dreaming, do álbum de mesmo nome da cantora Kate Bush, fala sobre o massacre aborígene em terra australiana por conta da mineração de urânio e ouro. A partir de 1788, a Inglaterra transformou a Austrália em uma prisão colonial, e condenados passaram a ser enviados para a Austrália. A democracia foi estabelecida em 1860, e, em 1901, a Austrália passou a fazer parte da comunidade britânica. A independência ocorreu em 1942, porém, o soberano da Inglaterra continuou a ser o chefe de Estado. Apenas em 1986, a Austrália se tornou de fato independente da Inglaterra. O gótico australiano possui traços do inglês, mas, como dito anteriormente, a ideia de terror é diferente. O terror australiano é um horror provocado pelo ambiente; a Austrália é um país muito desenvolvido e pouco habitado, além de estar localizado em um continente isolado do resto do mundo, o território australiano é agressivo e seu terror também o é. Até quando não se trata de se perder no outback ou no bush, ou ficar frente a frente com um animal nativo selvagem, o isolamento e a repressão — resquícios da moral vitoriana — são traços muito presentes no terror australiano, principalmente no que diz respeito a mulher, a exaustão feminina, a maternidade e a materialização de um trauma.
O terror consegue com muita proeza materializar um trauma e transformá-lo em um monstro palpável que apresenta fisicamente o que o protagonista sente em seu mais íntimo ser. O horror relacionado à maternidade não é apenas um tópico importante no terror australiano, mas a ideia de condenar a mulher ao espaço doméstico, no qual ela se sente solitária, sobrecarregada e deslocada, em um continente onde a solidão e a vastidão já faz parte intrinsecamente do território, faz com que essa pressão se torne ainda mais evidente e enlouquecedora. Filmes recentes como O Babadook (2014), Relíquia Macabra (2020) e The Nightingale (2018) são ótimos exemplos, mas esse terror silencioso, agressivo, diáfano e brutal existe há muito tempo.
Monstros gigantes, casas assombradas, solidão e repressão
O gótico não é apenas um gênero, é uma atmosfera, um traço e um estilo artístico. O gótico britânico e estadunidense possuem características estabelecidas, como, por exemplo, castelos medievais, assombrações, demônios e monstros, como os vampiros. Uma jovem inocente sendo perseguida por um perigo iminente, real ou sobrenatural, um passado sombrio, relações complexas com familiares próximos ou distantes e segredos são parte do imaginário gótico desses lugares.
O gótico australiano tem traços do inglês, porém, a resposta ao processo de colonização é evidente, assim como a violência grotesca, a sensação de solidão e enlouquecimento do indivíduo a partir disso e os perigos tanto sobrenaturais quanto naturais. Outro traço interessante é que o terror não se dá necessariamente à noite. Não é necessário esperar a noite chegar para contar uma história de fantasma; a vastidão e a luz solar ligada ao isolamento e a natureza selvagem fazem com que até a mais inocente paisagem à luz do dia desperte a sensação do horror ao desconhecido imerso em um ambiente vingativo, que consome quem o consome. Grande parte da literatura e da Australian New Wave se passa à luz do dia.
Razorback, ou O Corte da Navalha (1984), dirigido por Russell Mulcahy, é um ótimo exemplo de filme com animal gigante e selvagem tipicamente australiano. A trama gira em torno dos ataques de um javali gigante que aterroriza os moradores de uma área rural próxima ao deserto australiano. O animal, antes visto apenas como uma lenda, se torna a principal obsessão de Jake Cullen (Bill Kerr) após a criatura invadir sua casa e devorar seu neto recém-nascido. A trama se desenvolve quando a repórter Beth Winters (Judy Morris) chega à Austrália para documentar a caça ilegal de cangurus na região do outback e também se torna vítima do javali selvagem. O marido de Beth, Carl Winters (Gregory Harrison), chega para investigar a morte da esposa e se junta a Jake na caça ao javali. Razorback é um filme de animal gigante muito divertido e eficiente, tipicamente australiano. O cenário principal é o deserto e um dos principais personagens é a solidão e como os personagens lidam com ela. O javali não é o único perigo que ronda; esse perigo também são as pessoas que estão à sua caça, e até mesmo as que não estão e precisam lidar com a ideia de um ataque iminente de um animal gigante que pode te devorar vivo; a possibilidade de se perder sozinho no deserto ou ser uma mulher vivendo em um ambiente árido onde os homens estão em guerra contra a natureza e sua própria claustrofobia e incapacidade de agir a respeito da solidão também representam ameaças.
Next of Kin, lançado no Brasil como Terror Fatal (1982), é um longa dirigido por Tony Williams, num exemplo que mais se assemelha ao terror gótico britânico. Após a morte da mãe, Linda Stevens (Jacki Kerin) herda uma propriedade chamada Montclare que está em sua família há gerações, na qual também está instalada uma casa de repouso para idosos. Os idosos residentes se encontram inquietos, os empregados parecem guardar um segredo, e Linda encontra diários de sua mãe nos quais ela afirma estar apavorada e sendo observada. Uma casa isolada e mal-assombrada, segredos familiares obscuros e uma mulher enlouquecendo aos poucos é a receita do filme.
The Devil's Playground, ou O Recreio do Diabo (1976), foi dirigido e escrito por Fred Schepisi. É um filme semi-biográfico baseado nas experiências do próprio Schepisi e narra a história de um grupo de meninos internados em um colégio católico administrado por padres. A história segue o menino Tom Allen (Simon Burke), de 13 anos, que, no ano de 1953, frequenta um colégio católico apenas para meninos em Melbourne. Num primeiro momento é possível comparar The Devil's Playground com o filme de 2004 dirigido por Pedro Almodóvar, Má Educação. Mas eles não poderiam ser mais diferentes. No filme de 1976, os padres estão tão confusos e perdidos quanto os rapazes que acabaram de entrar na puberdade. Não há abuso, os irmãos do colégio de fato se preocupam com as crianças e enxergam nelas o que eles mesmos passaram e ainda passam. Os meninos são isolados e reprimidos e os padres tentam impedir que eles se desenvolvam ou conheçam seus próprios corpos, mas também há a sensação de culpa e de perda. É interessante o fato de os padres entenderem que a culpa por essa repressão não é feminina e que a mulher não é um ser pecaminoso, tampouco a porta de entrada para todos os males do mundo. No longa as personagens têm plena consciência de que há algo de errado com a repressão e as regras da religião e da igreja em si, e que impedir que os meninos de se relacionarem com eles mesmos, com meninas da mesma idade e com o mundo em geral pode acarretar enormes traumas e tragédias. The Devil's Playground é um filme excelente em tudo o que se propõe, e é também muito violento. Uma violência silenciosa que pode afetar a saúde mental e a personalidade de uma criança, que pode se tornar um adulto traumatizado e reprimido.
Um ano antes, em 1975, um longa que se tornou inspiração para diversos outros, e também é um dos filmes mais consagrados do cinema australiano, foi lançado. Em Piquenique na Montanha Misteriosa a repressão também está muito presente e vem acompanhada do misterioso desaparecimento de três jovens e uma professora em Hanging Rock no dia de São Valentim em 1900.
Piquenique na Montanha Misteriosa
"O que vemos e o que somos não é mais que um sonho, um sonho dentro de um sonho."(Edgar Allan Poe)
Piquenique na Montanha Misteriosa é uma adaptação cinematográfica dirigida por Peter Weir, diretor de outros clássicos como Sociedade dos Poetas Mortos (1989) e O Show de Truman (1998). Baseado no romance Picnic at Hanging Rock da autora Joan Lindsay, publicado em 1967, a história segue um grupo de alunas de um colégio vitoriano na Austrália rural em 1900. Durante uma excursão no dia de São Valentim, as meninas, em companhia de duas professoras, fazem um piquenique na montanha rochosa de origem vulcânica chamada Hanging Rock. Quatro meninas recebem permissão para explorar a rocha, Miranda (Anne-Louise Lambert), Irma (Karen Robson), Marion (Jane Vallis) e Edith (Christine Schuler), mas apenas a última retorna. Uma professora, Greta McCraw (Vivean Gray), também desaparece misteriosamente nas rochas. Uma semana depois, Irma também retorna. Apesar das roupas rasgadas, não há sinais de violência, mas ela não se lembra de nada.
O filme e o livro não dão uma explicação para o que de fato aconteceu com as jovens desaparecidas e nem elas e nem a professora são encontradas. Existem teorias racionais do que pode ter acontecido, como sequestros, assassinatos, uma queda do alto das rochas... Mas não saber de fato o que aconteceu e nem o porquê torna a história ainda mais rica e abre espaço para diversas interpretações, das mais racionais às mais místicas.
A rigidez da educação no colégio interno da Srª. Appleyard (Rachel Roberts), a repressão sexual das moças, a transformação da infância para a adolescência, a atração entre as meninas, tudo isso entra em contraste com a liberdade da natureza, mesmo que seja uma natureza agressiva. Afinal, o que é ser uma moça jovem crescendo em uma colônia com a moral vitoriana ainda em voga? Estudar em um colégio isolado e rígido só para meninas, com permissão apenas para tirar as luvas no calor australiano. Quando Edith — a única que não desaparece — retorna, ela relata que viu a Srta. McCraw subindo em direção a montanha sem as roupas de baixo. A primeira coisa que as meninas no alto da montanha fazem é retirar as meias e os sapatos. Quando Irma retorna está sem o espartilho e as roupas de baixo. O que acontece quando o desaparecimento em um território onde a natureza não respeita as leis da sociedade parece na verdade ser uma espécie de libertação? Como dito no artigo de Luciana Wrege Rassier e Cynthia Beatrice Costa:
"Os trajes usados pelas alunas correspondem ao ambiente opressor da escola e, de maneira mais geral, da sociedade da época. No calor da Austrália - ao qual o livro faz constantes referências, e que o filme retrata através de uma luminosidade claríssima, saturada - é compreensível que as adolescentes se sintam desconfortáveis com a moda importada da Europa. Por baixo dos vestidos de verão, elas usam espartilhos que lhes oprimem a respiração, meias de algodão, botas de couro e anáguas volumosas. No romance, fazendo concessão ao calor do dia, Mrs. Appleyard permite que as moças retirem as luvas após passarem pela cidadezinha de Woodend no caminho para Hanging Rock, o que mostra que elas devem preservar a compostura até o seu último contato com a civilização. No filme, essa pequena libertação é sensivelmente adaptada: em meio à poeira avermelhada levantada pelo coche na passagem por Woodend, as jovens retiram as luvas com bastante entusiasmo, suscitado assobios e gracejos por parte dos rapazes."
Miranda não apenas é a protagonista da história: apesar de jovem, parece ser a mais madura e a que conhece segredos que os demais não estão nem perto de desvendar. Nos primeiros minutos, Miranda diz a Sara (Margaret Nelson) que ela precisa aprender a amar outras pessoas além dela. Mais para frente, Sara relembra desse fato, e tem certeza de que a companheira de quarto já sabia que não iria mais retornar. Miranda é uma das únicas que não se incomoda com o fato de os relógios de todos terem parado às 12h em ponto na montanha. A Srta. McCraw acredita que há algo magnético na montanha que fez os relógios pararem. A jovem nem mesmo utiliza mais seu relógio, e reclama que o tique-taque perto de seu coração lhe faz mal, como se estivesse tão conectada com a natureza que o horário racional e terrestre não fizesse mais sentido para ela. Irma, a única a retornar uma semana depois, retruca dizendo que adoraria ter um relógio de diamantes, e que se tivesse um jamais o tiraria.
É como se desde o início ficasse evidente que Miranda não está mais conectada a este mundo. De fato, parece haver algo místico ao redor da jovem; a cena em que ela observa os pássaros no céu muito se assemelha com a prática dos áugures, oráculos romanos que viam sinais dos deuses e o futuro através dos pássaros. As meninas seguem Miranda pelo labirinto rochoso da montanha e parecem saber exatamente para onde ir. E ao som da flauta de Pã elas entram em transe e se livram das roupas apertadas. Enquanto procuravam as meninas, os jovens Michael (Dominic Guard) e Albert (John Jarratt) — irmão da jovem Sara que é impedida de reencontrá-lo pela Srª. Appleyard — tentam entrar na rocha onde as meninas desapareceram, sentem uma pressão na cabeça e mal conseguem seguir adiante. Após ser resgatado, Michael, que encontrou Irma, parece estar em estado catatônico, enquanto Irma retorna ao mundo comum ainda adormecida.
A obsessão que todos têm por Miranda também é bem evidente. Sua professora, Mademoiselle de Poitiers (Helen Morse), chega a chamá-la de anjo de Botticelli, comparando a beleza da jovem com a da deusa Afrodite. Também é evidenciada sua relação com os cisnes, animais que representam a deusa grega e também a junção perfeita entre o homem e a mulher, um ser andrógino perfeito. Miranda é relacionada com a perfeição antes, durante e depois de seu desaparecimento. Ela representa a noção de feminilidade ideal vitoriana, uma jovem branca virginal que desaparece sem deixar rastros e permanece na imaginação coletiva como um ideal de beleza e virtude eterna que jamais pode ser alcançada.
O nascimento de Vênus, por Sandro Botticelli (1483) |
Além do retorno de Irma, que passa a ser vista com desconfiança pelas outras jovens, pois acreditam que ela escondia algo a respeito do desaparecimento das meninas, um ponto importante é a órfã Sara. Conforme o tempo passa, fica evidente que a preocupação principal da Srª. Appleyard não são as moças desaparecidas, mas as mensalidades perdidas das jovens que foram retiradas pelos pais de seu colégio após a tragédia. A diretora chega a se ressentir com a volta de Irma e afirma que seria melhor que nenhuma retornasse ao invés de apenas uma. Além disso, ela culpa as jovens e Miss McCraw por se deixarem perder na montanha:
"Cheguei a depender muito de Greta McCraw. Tinha um intelecto muito masculino. Eu dependia daquela mulher. Confiava nela. Como pode sumir repentinamente, se perder, ser violentada ou assassinada a sangue frio como uma estudante idiota nesse miserável Hanging Rock?"
Sara, sem a amiga mais próxima e sem desconfiar de que o irmão que tanto procura está próximo, sofre nas mãos da Srª. Appleyard após a diretora descobrir que as mensalidades da moça estão atrasadas. Ela passa a persegui-la, impede que frequente as aulas e ameaça mandá-la de volta ao orfanato. Assim como Jane Eyre, personagem principal do livro homônimo de Charlotte Brontë, Sara sofreu abusos em colégios internos e orfanatos, como ter a cabeça raspada e ser separada do irmão. Muito solitária e sem esperanças, ela se joga da janela de seu quarto em cima da estufa. A moça morre sobre as plantas que tanto amou, e, antes disso, visita seu irmão em espírito no sonho do rapaz para se despedir.
Na última cena de Miranda, ela parece estar apenas dormindo, e contrasta com a morte de Sara, de olhos abertos em choque. É como se Miranda tivesse ascendido, se libertado, morta para este mundo. Sara, no entanto, morreu neste mundo. O medo do isolamento e do desconhecido são temas frequentes no terror australiano e no embate entre o homem e natureza, a vastidão do território e os efeitos que ele pode causar no ser human. Após saber da morte de Sara, a própria Srª. Appleyard se perde nas montanhas de Hanging Rock, e o mistério do que ela fazia lá permanece juntamente com o desaparecimento de suas alunas.
"Retratando de maneira singular o rito de passagem da adolescência, a simbologia iniciática que envolve o desaparecimento das adolescentes remete a uma morte. simbólica, em um tempo e um espaço mitológicos, relacionados a antigos rituais de fertilidade. A narrativa fílmica reforça a atmosfera onírica presente no romance, principalmente através da trilha sonora inebriante marcada pela flauta de Pan e da caracterização das adolescentes como ninfas, ou seja, divindades femininas ligadas à Natureza, à beleza e aos prazeres do corpo – caracterização que reatualiza elementos arquetípicos da psique humana. Outra especificidade do diálogo entre o longa-metragem e a narrativa literária é o realce dado por Peter Weir aos laços homoeróticos entre a protagonista Miranda e a órfã Sara, revelando assim transgressões ao rígido código moral que aconteciam dentro do Appleyard’s College for Young Ladies, antes do misterioso desaparecimento."(Luciana Wrege Rassier e Cynthia Beatrice Costa)
Referências
- Deslocamentos e identidade no gótico australiano: O caso de Picnic At Hanging Rock e Piquenique na Montanha Misteriosa (Luciana Wrege Rassier e Cynthia Beatrice Costa)
- The Gothic tradition in literature (Elizabeth MacAndrew)
- Australian Gothic (Gerry Turcotle)
- Australian horror film (Peter Shelley)
- Tracing a Tradition of the Literary Gothic in Australian Women's Fiction and Film Narratives (Naomi Britten)
- Picnic at Hanging Rock (Joan Lindsay)
- Ten Types of Australian Film: Chapter 9: Gothic (Garry Gillard)
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