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5 filmes clássicos sobre saúde mental


Desde 2003, a OMS (Organização Mundial de Saúde) determinou que a data de 10 de Setembro seria o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. Isso tudo começou após um jovem estadunidense chamado Mike Emme se suicidar nesse mesmo mês, no ano de 1994. Mike tinha apenas 17 anos. A personalidade bondosa, carismática e engraçada escondia a grande agonia por que ele passava. O garoto não conseguia dizer o que sentia e nem sabia como procurar ajuda. Por fim, acabou tirando a própria vida. O caso chocou a todos; segundo familiares e amigos, o rapaz não dava indícios da dor que sofria, por isso ninguém desconfiou. Mike tinha um Mustang que ele pintou de amarelo (sua cor favorita); a cor do carro deu início a um movimento que começou no seu funeral. Fitas amarelas foram distribuídas para quem estivesse lá; nas fitas estavam escritas mensagens que reforçavam a importância de pedir ajuda se você não estiver bem. O movimento ganhou força em todo o país, surgindo o Yellow Ribbon (Fita Amarela), grupo de apoio a pessoas que estivessem passando pela mesma situação que Mike. Com isso, a OMS classificou também o símbolo da prevenção contra o suicídio, a fita amarela. 

No Brasil, o Setembro Amarelo surgiu apenas em 2015, quando o CVV (Centro de Valorização da Vida), a ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria) e o CFM (Conselho Federal de Medicina) deram início a essa campanha na qual reforçam os cuidados com a saúde mental e a valorização da vida. A campanha atualmente é realizada por todo o país, em escolas, hospitais e intuições públicas e privadas.

Por isso, selecionamos 5 filmes clássicos que possuem, dentro de suas histórias, personagens que estejam passando problemas que envolvam saúde mental, reforçando aqui o quanto é importante discutir o tema não apenas em setembro, mas em todos os meses do ano. 

A Felicidade Não Se Compra (1946) 

Direção: Frank Capra

Clássico dirigido por Frank Capra, foi indicado a 5 Oscar, dentre eles na categoria de Melhor Filme. Aclamado pelo público, é um dos filmes mais queridos pelos estadunidenses, sendo sempre relembrado no período natalino. It's a Wonderful Life (seu titulo no original) conta a história de George Bailey (James Stewart), que desde a infancia é um exemplo de empatia e bondade. George ajuda a todos que precisam, abrindo mão, inclusive, da sua felicidade. Ele começa a passar por dificuldades financeiras que acabam tornando sua vida infeliz, e em um momento de desespero, George decide se suicidar, na noite de Natal. Para evitar que essa tragédia aconteça, o anjo Clarence (Henry Travers) é enviado do céu para fazê-lo mudar de ideia. Com mensagens lindas sobre esperança, amor e empatia, A Felicidade Não Se Compra também deixa claro como uma vida pode influenciar várias outras. 

"Estranho como a vida de um homem toca tantas outras. Se alguém não existe deixa um buraco horrível."

Um Corpo Que Cai (1958)

Direção: Alfred Hitchcock

Suspense psicológico dirigido por Alfred Hitchcock, Vertigo é considerado um de seus filmes mais complexos devido à sua abordagem profunda sobre a mente humana. O longa conta a história de Scottie (James Stewart), um ex-detetive de polícia que sofre de acrofobia devido a um trauma passado. Apesar desse problema, ele aceita fazer um favor a um ex-colega de faculdade: investigar a esposa deste que está, segundo ele, possuída por um espírito suicida. A trama aborda, além disso, traumas e depressão. De forma sutil, o diretor nos coloca em uma espiral cruel e complexa que só a mente humana pode ter. 

Leia mais sobre o filme aqui. 

Se Meu Apartamento Falasse (1960)

Direção: Billy Wilder


Obra-prima do diretor Billy Wilder, Se Meu Apartamento Falasse (The Apartment) se consolidou como um filme memorável do cinema estadunidense, tendo vencido 5 Oscar, um deles na categoria principal. Nessa comédia dramática, conhecemos C. C. Baxter (Jack Lemmon), um vendedor de seguros que trabalha em um grande escritório. Baxter possui um apartamento que além de sua casa, também se torna centro de visita para seus chefes levarem suas amantes. Ele empresta seu apartamento a eles na esperança de conseguir uma promoção que o faça subir de cargo na empresa. Mas a vida dele é totalmente solitária e melancólica. Sem amigos com quem contar, ele se sente esperançoso quando conhece Fran Kubelik (Shirley MacLaine), uma operadora de elevador por quem ele se apaixona. Mas a jovem é também amante do seu chefe, e isso o faz pôr em questão o que pode ser mais importante para ele. Tanto Baxter quanto Fran têm características similares, eles são extremamente solitários e ao mesmo tão simpáticos que nos identificamos com eles. A solidão que aflige um desses personagens faz com que o suicídio entre em questão. É um clássico cheio de humor, e também dolorido, sobre o quão difícil é a realidade.

Trinta Anos Esta Noite (1963)

Direção: Louis Malle 

Trinta Anos Esta Noite (Le Feu Follet) é um prestigiado drama francês dirigido por Louis Malle. Considerado um de seus melhores filmes, ou o melhor, é uma adaptação de um livro escrito em 1931, pelo também francês Pierre Drieu La Rochelle, inspirado na vida do seu amigo o poeta surrealista Jacques Rigaut, que cometeu suicídio aos trinta anos de idade, como havia planejado. A adaptação para as telas conta a melancólica história de Alain Leroy (Maurice Ronet), um homem que após sair de uma clinica de reabilitação para alcoolismo se vê mergulhado em uma profunda depressão. Leroy toma a amarga decisão de retirar a sua vida no dia em que nasceu, quando fará trinta anos. Antes de cometer o ato, ele busca em suas possíveis últimas 48 horas de vida reverter a decisão, tentando visitar velhos amigos e encontrar apoio em sua amante, mas cada vez mais ele se sente solitário e atingido por um vazio se fim. Um filme sombrio, amargo e belo; nele, o diretor francês nos entrega uma obra magistral que retrata o mais profundo vazio que pode atingir o ser humano. 

Uma Mulher Sob Influência (1974)

Direção: John Cassavetes

Uma das obras mais notáveis da filmografia de John Cassavetes é Uma Mulher Sob Influência, longa estrelado por Gena Rowlands em possivelmente seu papel mais marcante do cinema, este que lhe rendeu o Globo de Ouro de Melhor Atriz no ano de 1974. O filme tem como protagonista Mabel, uma dona de casa de classe média-baixa, casada e mãe de três filhos. Ela começa a ter uma mudança em seu comportamento, demostrando estar sofrendo de um distúrbio mental que a deixa fora de controle e mentalmente confusa. Esse desequilíbrio leva Mabel a desenvolver uma depressão, o que faz com que seu marido pense em interná-la em um manicômio. O filme reflete sobre o desiquilíbrio não só de Mabel, mas do marido que a agride física e psicologicamente, deteriorando sua saúde mental. 

Maria Fontenele
Piauiense, nascida em 2000, se arrisca a escrever desde pequena. Apaixonada por reprises de filmes antigos, sonha em viver num musical dos anos 60, mesmo sem saber cantar. Chora ouvindo Scorpions, e tem uma lista tão grande de livros que jura que vai ler tudo antes de morrer.

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