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9 trilhas sonoras assustadoras de filmes de terror

Sabe quando assistimos a um filme no cinema e ao final da sessão saímos com a trilha dele presa na cabeça? Sim, isso é muito fácil de acontecer, especialmente quando a trilha sonora inclusa à película que vimos é tão marcante quanto ela. Uma boa trilha consegue nos causar ainda mais emoção atingindo nossos ouvidos enquanto assistimos à cena a que ela pertence, seja de romance, drama ou suspense, é sempre necessária uma sonoplastia para que enfim os nossos sentidos possam ser atingidos. 

Todavia, em filmes de terror, a trilha sonora realmente se destaca. Por ser um gênero que nos desperta os mais variados tipos de emoções, uma boa sonoplastia se torna necessária - ela pode anteceder o perigo que está por vir e atingir nossos instintos. Aproveitando o mês do horror, selecionamos 9 filmes com trilhas sonoras inesquecíveis, algumas delas tão assustadoras quanto a obra em si. 

Psicose - dir.  Alfred Hitchcock (1960)

Composição de Bernard Herrmann 

Conhecido por trabalhar na composição de partituras para grandes filmes como Cidadão Kane, o compositor estadunidense Bernard Herrmann selou uma parceria marcante na década de 1950 com o diretor Alfred Hitchcock. Herrmann trabalhou na trilha de mais de 7 filmes do diretor, mas seu trabalho mais notável foi pelo thriller Psicose (Psycho no original), história essa que de tão imortalizada no cinema mundial você já deve conhecer, mesmo que nunca tenha assistido ao filme. 

Protagonizado por Anthony Perkins, que dá vida ao psicopata Norman Bates, também conta com a estrela Janet Leigh, interpretando Marion Crane. A atriz ficou imortalizada por essa personagem, em especial pela cena mais assustadora do filme, e possivelmente a mais marcante do cinema, aquela do chuveiro, na qual Marion é esfaqueada. Porém, o que a tornou tão emblemática foi a música que acompanha o assassinato da personagem - facilmente você já deve tê-la ouvido. 

Hitchcock pensou na cena apenas com os gritos da atriz abafados pelo som do chuveiro, mas Herrmann fez o diretor mudar de ideia após ouvir a composição feita. Pelo baixo orçamento da obra (o que levou o diretor hipotecar a casa para custear os gastos), os efeitos sonoros teriam que ser limitados e de acordo com o filme. Tendo a fotografia em preto e branco, o maestro pensou em arranjos mais frios e limpos, usou um número pequenos de instrumentos, sendo o mais importante deles o violino, e criou a mais fantástica de suas composições, revolucionando a forma de compor trilhas sonoras. Já imaginou a cena do chuveiro sem aquela música assustadora? 

O Bebê de Rosemary - dir. Roman Polanski (1968)

Composição de Krzysztof Komeda  

O aclamado filme do diretor Roman Polanski, lançado em 1968, embora tenha se tornado assunto delicado com o passar dos anos após as acusações e condenação por estupro de Polanski, recebeu criticas positivas do público por seu terror psicológico perturbador, mas não-explícito. Estrelado por Mia Farrow e John Cassavetes como o casal Rosemary e Guy Woodhouse, O Bebê de Rosemary (Rosemary's Baby) conta a história desse jovem casal, que se muda para o edifício Bramford. Tal lugar, segundo um amigo dos dois, é perigoso por seu passado envolvendo assassinato e bruxaria. 

No prédio, eles têm como vizinhos o casal de idosos Roman e Minnie Castevet, interpretados por Sidney Blackmer e Ruth Gordon, que ganhou o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante pelo papel. Tudo começa a ficar estranho quando Rosemary fica grávida e mudanças na sua personalidade e corpo acontecem. O que ela não desconfiava era que sua gravidez foi arquitetada por uma seita diabólica que a usou como vítima. 

O instinto de sobrevivência da personagem é despertado desde o momento em que ela se vê grávida e, pensando nisso, o compositor polonês Krzysztof Komeda usou como tema musical para melodias mais delicadas e agradáveis, exceto nos momentos de tensão, em que há um tom mais selvagem e angustiante. A composição tocada no início do filme, conhecida popularmente como Rosemary's Lullaby, é vocalizada por Mia Farrow, o "lalala" que ela canta é tão inocente que nos sentimos acolhidos como por uma canção de ninar vinda de uma mãe. Ela também toca nas cenas finais, quando a protagonista descobre a verdade sobre o seu bebê, causando uma sensação diferente do sentimento no início do filme, quando a ouvimos pela primeira vez. 

O Exorcista - dir. William Friedkin (1973) 

Composição de vários artistas 

Considerado por muitos um dos melhores filmes de terror de todos os tempos, O Exorcista ganhou esse status pela trama primorosamente bem construída e pelo terror sobrenatural chocante. Dirigido por William Friedkin, tem como trama principal Regan (Linda Blair), uma garota de 12 anos que começa apresentar comportamentos estranhos. Após tentar ajuda médica sem sucesso e ser aconselhada por médicos e psiquiatras acerca do poder da sugestão, que poderia favorecer a menina, sua mãe recorre a um padre que busca realizar o ritual de exorcismo. 

A história é extremamente famosa, O Exorcista é um daquele filmes que você já ouviu falar pelo menos uma vez na vida e é muito provável que já tenha também ouvido a música que mais representa o longa. O clássico tem uma identidade sonora inesquecível. Mas demorou até Friedkin conseguir o que tanto desejava. No início, as composições seriam feitas por Lalo Schrifin, todavia, o diretor odiou uma das partituras por ser alta e pesada demais. A falta de tempo para entregar o projeto o fez montar um disco repleto de canções clássicas modernas, grande parte delas sendo do compositor polonês Krzysztof Pendericki, mas a mais lembrada de todas é Tubular Bells, composição do músico inglês Mike Oldfield, que faz parte da partitura inicial de seu álbum homônimo lançado em 1973. Tubular Bells toca em vários momentos do filme e causa aquele arrepio na espinha quando a ouvimos. 

Tubarão - dir. Steven Spielberg (1975)

Composição de John Williams 

Clássico dirigido por Steven Spielberg, Tubarão está entre os filmes de maior bilheteria de todos os tempos, que inclusive levou mais de 13 milhões brasileiros aos cinemas e se tornou o quinto filme estrangeiro mais visto pelo público do Brasil. Tubarão (Jaws no original) tem como elemento de terror um monstro natural, um tubarão branco que começa a atacar seletivamente os moradores da ilha de Amity. Quando o policial Marti Brody (Roy Scheider) descobre a primeira vítima do animal, tenta avisar às demais autoridades locais para que evitem tragédias maiores. Todavia, não esperavam que o pior ainda estava por vir. 

Para compor a trilha sonora, o diretor convidou o maestro e compositor estadunidense John Williams, que já havia trabalhado com ele em outra produção. Nesse filme, os dois selaram uma parceria e amizade que se estendeu por cerca de vinte e oito obras. O tema principal composto por Williams usa alternação entre duas notas notas: Fá, Mi e Fá menor; bem simples, mas foi esse tema que tornou ainda mais emblemática a figura do tubarão, representando o perigo que está perto ou talvez até as batidas de seu coração. 

Assim como o filme, a trilha sonora recebeu críticas extremamente positivas, que inclusive ganhou prêmios como o Oscar, o Globo de Ouro, o BAFTA e o Grammy, sendo considerada pelo AFI (Instituto Americano de Cinema) a 6º Melhor Trilha Sonora de Todos os Tempos. Aquela musiquinha tocando quando o tubarão está prestes a atacar é um dos momentos mais assustadores e angustiantes do cinema e merece todo o mérito pela emoção que nos causa, porque a sensação não seria a mesma sem a trilha. 

Suspiria - dir. Dario Argento (1977)

Composição de Goblin 

De todos os filmes citados nesta lista, o mais bonito visualmente com certeza é Suspiria, obra dirigida pelo diretor Dario Argento, conhecido por suas contribuições ao terror italiano. Protagonizado por Jessica Harper, conta a história de Suzy Bannion, uma aspirante a bailarina que se muda para a Alemanha após conseguir uma vaga em uma prestigiada academia de balé. Estranhamente, na noite em que chega à cidade, ela tenta se hospedar na escola, mas não consegue, e presencia uma jovem fugindo do local aos gritos. Quando retorna na manhã seguinte, é recebida como se nada tivesse acontecido. Com o passar do tempo Suzy percebe que coisas estranhas acontecem no local, como uma súbita doença que a deixa acamada, larvas caindo do teto em cima das alunas e estranhos desaparecimentos. 

Com uma estética linda que utiliza cores vibrantes e saturadas predominando o azul, o amarelo, o verde e principalmente o vermelho, podemos ouvir a banda de rock progressivo Goblin na trilha sonora. Usando instrumentos atípicos para época, o tema principal possui instrumentos como celesta (uma espécie de piano menor que produz sons delicados), tambores, bouzouki e, para completar, o vozes semelhantes a gritos e entonações mágicas. A melodia tem um clima fantasioso e leve e é usada em momentos menos agitados. Para aqueles de tensão, uma trilha mais pesada e perturbadora foi acrescentada. A banda italiana conseguiu transmitir nas músicas toda a atmosfera fascinante e claustrofóbica presente no clássico. 

Halloween - dir. John Carpenter (1978)

Composição de John Carpenter 

Um dos filmes mais associados à noite do Dia das Bruxas é Halloween, dirigido por John Carpenter, famoso por suas produções no gênero do terror e da ficção científica. O diretor tem um lista extensa de obras de horror, mas certamente a mais lembrada é seu filme lançado em outubro de 1978, que trouxe para as telas o maníaco assassino Michael Myers (Nick Castle) que, após matar sua irmã mais velha quando ele tinha 6 anos, é internado em um hospital psiquiátrico. Quinze anos depois, Myers escapa e, ao voltar para a sua velha casa, no dia de Halloween, conhece Laurie Strode (Jamie Lee Curtis), uma jovem babá por quem o assassino fica obcecado, e decide persegui-la. 

Carpenter, que beirava os 30 anos de idade, dirigiu, roteirizou e compôs a trilha sonora do longa. O diretor buscou referências nas composições de clássicos como Psicose e Suspiria. Usando o piano, Carpenter conseguiu transformar o tema principal numa das trilhas mais memoráveis do terror. 

O Iluminado - dir. Stanley Kubrick (1980) 

Composições de vários artistas

Stephen King viu  chegar aos cinemas a primeira adaptação de um livro seu, Carrie, a Estranha, em 1976. Quatro anos mais tarde, foi a vez de seu aclamado livro O Iluminado ganhar um filme, dirigido por Stanley Kubrick, que também contribuiu no roteiro. Com Jack Nickolson no papel principal, a trama acompanha Jack Torrance (Nickolson), sua esposa, Wendy (Shelley Duvall) e seu filho, Danny (Danny Lloyd), um garotinho que tem visões que se tornam mais fortes quando a família se muda para passar o inverno no Hotel Overlook, nas montanhas. 

O hotel fica isolado nesse período pelo forte inverno que bloqueia seu acesso, e Jack ganha um emprego como zelador no local. Com isso, leva toda a família para passar uma temporada lá. Sem rodeios, o diretor nos entrega pistas de que algo terrível aconteceu naquele lugar e que ao mesmo pode ocorrer com os Torrance. Com um terror psicológico e claustrofóbico O Iluminado (The Shining no original) consegue nos deixar apreensivos até na trilha sonora. 

Kubrick era conhecido por usar músicas já existentes para construir suas trilhas, caso que aconteceu nesse filme. Músicas orquestradas foram escolhidas pelo diretor e por seu editor musical, Gordon Stainforth - composições de Krzysztof Penderecki também estavam no disco. O diretor havia chamado as compositoras Wendy Carlos e Rachel Elkind-Tourre para trabalharam novamente com ele, mas usou somente Dies Irae, adaptação da Sinfonia Fantástica composta pelo maestro francês Hector Berlioz em 1830. Dies Irae aparece na cena de abertura do filme, deixando implícito todo o desconforto que aquele local pode nos causar. 

Christine - dir. John Carpenter (1983)

Composições de John Carpenter e Alan Howarth

Mais uma adaptação de Stephen King nesta lista, dessa vez sobre um carro assassino. Sim, certamente é um dos temas mais peculiares escolhidos pelo autor. Lançada em 1983, adaptação conta a história de Arnie Cunningham (Keith Gordon), um adolescente de 17 anos que sofre bullying na escola e tem como melhor amigo Dennis Guilder (John Stockwell), um cara popular que acaba protegendo o outro rapaz quando pode. Voltando para casa juntos, Arnie bate o olho em um carro todo acabado, caindo ao pedaços. Ele fica apaixonado e decide comprá-lo de um senhor velho muito esquisito, que revela o nome do carro: Christine. A chegada daquele carro na vida do garoto faz sua personalidade mudar totalmente e terríveis assassinatos começam a acontecer. 

O longa foi dirigido por John Carpenter, que também participou da trilha sonora juntamente com compositor estadunidense Alan Howarth. Em Christine, a música é um elemento fundamental. Por ser um automóvel da década de 1950, todas as músicas que tocam no rádio do carro, de forma espontânea, são daquela década, e todas as letras condizem com o sentimento que o carro quer expressar, seja ele raiva, ciúme ou amor. Por isso, foram lançados dois discos com trilhas sonoras, um com essas canções tocadas pelo carro e músicas da pop contemporâneas usadas ao longa. Dentre as composições originais feitas por Carpenter e Howarth, estão Christine Attacks e Moochie's Death, usadas nos momentos que evidenciam o perigo que o carro representa para todos. 

A Hora do Pesadelo - dir. Wes Craven (1984)

Composições de Charles Bernstein 

A Hora do Pesadelo (A Nightmare on Elm Street), mais conhecido como o filme do Freddy Krueger (Robert Englund), conta a história desse assassino de crianças que as ataca durante seus sonhos, podendo chegar a matá-las no mundo real. Dirigido por Wes Craven, o longa foi o primeiro de uma franquia feita sobre o psicopata. 

A trilha sonora ficou a cargo de Charles Bernstein, que usou orquestra e sintetizadores para criar um ambiente onírico. O tema principal se assemelha a uma canção de ninar, o que faz todo o sentido, pois Freddy só pode atacar se suas vítimas estiverem dormindo. E o tema do assassino é vocalizado por crianças na inesquecível cantiga One, Two, Freddy's Coming For You que, apesar de inocente, não deixa de ser assustadora. 





Arte em destaque: Mia Sodré 
Maria Fontenele
Piauiense, nascida em 2000, se arrisca a escrever desde pequena. Apaixonada por reprises de filmes antigos, sonha em viver num musical dos anos 60, mesmo sem saber cantar. Chora ouvindo Scorpions, e tem uma lista tão grande de livros que jura que vai ler tudo antes de morrer.

Comentários

  1. Quando eu li o título do post lembrei logo de O Iluminado, talvez por ser um dos meus filmes favoritos do gênero. Mas realmente a trilha de Psicose é um primor, assim como a de O Bebê de Rosemary. Deu vontade de rever todos e prestar AINDA mais atenção na trilha sonora. :)

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