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10 filmes que se passam na Era Vitoriana

A Era Vitoriana entrou no imaginário coletivo através de muitos marcos, como as questões sociais, lutas por melhorias na qualidade de vida e direitos das mulheres, dentre outras coisas. Foi uma época repleta de crimes, violência, mas também de romantismo e regras de etiqueta. A ficção cinematográfica contribuiu para que os vitorianos entrassem em nossas mentes - aqui, indicaremos alguns filmes que mantêm esse imaginário vivo. 

À Meia Luz, dir. George Cukor (1944)

10 anos se passam após o assassinato de Alice Alquist, sem conclusões nas investigações. Motivada pela passagem do tempo, sua sobrinha volta para a residência da tia com o marido, onde sua saúde mental se esvai aos poucos. 

Esse foi o filme responsável pela criação do termo gaslighting como sinônimo de alguém que lhe faz duvidar de sua própria sanidade ao tratá-la como uma pessoa louca (o título original da obra é Gaslight). Além de retratar um relacionamento abusivo, conta com a interpretação brilhante de Ingrid Bergman, que ganhou o Oscar de Melhor Atriz por ela. 


O Retrato de Dorian Gray, dir. Albert Lewin (1945) 

Dorian Gray (Hurd Hartfield) é um jovem ingênuo, que é apresentado ao mundo hedonista de Londres pelo lorde Henry Wotton (George Sanders). Certo dia, Basil Hallward (Lowell Gilmore), um amigo que é artista, resolve fazer uma pintura para retratar a beleza jovial de Dorian. Este gosta tanto do retrato que declara que, se pudesse, daria até mesmo a alma para permanecer daquela maneira para sempre. A partir de então, todos os pecados e a idade de Dorian são transferidos para o retrato, que fica cada vez mais horrível. Em compensação, Dorian permanece sempre jovem e belo. 

Adaptado da obra-prima de Oscar Wilde, O Retrato de Dorian Gray é perfeito não apenas como obra cinematográfica, mas também na forma como apresenta a rígida, contudo hipócrita, sociedade vitoriana da época. Embora tenha algumas licenças poéticas quanto ao livro, o filme capta bem a essência da obra de Oscar Wilde em toda sua reflexão filosófica aliada a uma estética impecável. 


Drácula, dir. Tod Browning (1931)

Baseado no clássico de Bram Stoker, Drácula acompanha a visita do agente imobiliário Renfield (Dwight Fryie) ao castelo do imortal Conde Drácula (Bela Lugosi). Essa visita acaba tendo consequências terríveis, desencadeando uma série de eventos na Londres vitoriana. 

Drácula foi uma das primeiras adaptações do romance de Stoker, tendo sido lançado cerca de duas décadas após a publicação do livro. O rosto de Bela Lugosi tornou-se a imagem do próprio vampiro, sendo representado diversas vezes na história do cinema e na cultura pop. O filme é um verdadeiro marco do horror.  


A Colina Escarlate, dir. Guillermo Del Toro (2015)

Apaixonada pelo misterioso Sir Thomas Sharpe (Tom Hiddleston), a jovem Edith Cushing (Mia Wasikowska) muda-se para sua sombria mansão no alto de uma colina. Habitada também por sua fria cunhada, Lucille Sharpe (Jessica Chastain), a casa tem uma história macabra, e a forte presença de seres sobrenaturais não demora a abalar a sanidade de Edith. 

A Colina Escarlate é uma homenagem ao gótico feminino. Há presentes nele diversos tropos do gênero, como "a louca do sótão", os fantasmas, o visual e a violência contra a mulher que acontece dentro de casa. É um filme bem interessante que retrata o período com bastante veracidade dentro dos limites do horror gótico. 


Drácula de Bram Stoker, dir. Francis Ford Coppola (1992)

No século XV, um líder e guerreiro dos Cárpatos renega a Igreja quando esta se recusa a enterrar em solo sagrado a mulher que amava, pois ela se matou acreditando que ele estava morto. Assim, perambula através dos séculos como um morto-vivo e, ao contratar um advogado, descobre que a noiva deste é a reencarnação da sua amada. Deste modo, o deixa preso com suas "noivas" e vai para a Londres da Inglaterra vitoriana no intuito de encontrar a mulher que sempre amou através dos séculos. 

Outra adaptação do clássico, Drácula de Bram Stoker é o que mais chega perto da perfeição em matéria de cinema - especialmente quando falamos dos muitos Dráculas que estiveram nas telonas. Excelente em tudo, destaca-se principalmente pelo figurino, criado por Eiko Ishioka, com inspirações na história da arte e no mundo animal. Com interpretações incríveis de Gary Oldman como Drácula, Winona Ryder como Mina Murray e Anthony Hopkins como o professor Van Helsing, o filme, além de se passar na Era Vitoriana, foi gravado utilizando técnicas que já existiam na época, já que o diretor recusou-se a utilizar CGI, tendo todos os efeitos práticos feitos em frente às câmeras. 


Histeria, dir. Tanya Wexler (2011)

A trama se passa na Londres vitoriana, quando dois médicos (Hugh Dancy e Jonathan Pryce) se juntam para tratar de histeria - condição que, na época, se associava à irritabilidade das mulheres. Inicialmente, a personagem de Pryce "alivia" as suas pacientes manualmente, mas o parceiro inventa um aparato elétrico que pode revolucionar o tratamento desse mal.

Existe a crença de que a chamada histeria feminina era tratada por médicos vitorianos com um dispositivo elétrico para massagens, que tornou-se o vibrador. Há acadêmicos que discutem a veracidade de tal hipótese, todavia, Histeria é um filme interessante não somente por nos trazer essa curiosidade histórica, mas também por mostrar um retrato tão específico da vida de mulheres vitorianas. 


A Jovem Rainha Vitória, dir. Jean-Marc Valée (2009)

Na véspera do seu décimo oitavo aniversário e da sucessão do trono de Inglaterra, a jovem Princesa Vitória (Emily Blunt) encontra-se no centro de uma guerra pelo poder real. Mas será o seu romance com Albert (Rupert Prince) que irá determinar a força do seu reinado. Conseguirá ela dedicar a vida ao seu país e o coração ao homem que ama? 

A Rainha Vitória foi uma figura tão importante que toda uma era leva seu nome - a era a que dedicamos esta lista, por sinal. Por cerca de seis décadas, ela influenciou a Inglaterra (e o mundo, com as questões de exploração, como não podemos esquecer) não apenas politicamente, mas também na moda e nos costumes. A Jovem Rainha Vitória mostra o início dessa caminhada e seu romance com o príncipe Albert, cuja perda ela lamentaria pelo resto de sua vida. 


Jane Eyre, dir. Cary Fukunaga (2011)

Após uma infância triste, Jane Eyre (Mia Wasikowska) resolve se tornar uma governanta. Ele aceita um emprego em Thornfield Hall, onde conhece o misterioso e frio dono da casa, sr. Rochester (Michael Fassbender). Aos poucos, eles se aproximam e Jane começa a se apaixonar pelo patrão. A jovem aproveita a recém descoberta felicidade, mas os segredos desse homem podem destruir esse sentimento. 

Baseado no clássico homônimo de Charlotte Brontë, Jane Eyre é um gótico sombrio e melancólico que retrata bem a vida de uma jovem órfã educada que precisa trabalhar para viver. Embora o plot romântico seja um pouco aquém da realidade, as discussões que perpassam o filme realmente dialogam com o período, especialmente no que se refere à situação das mulheres. 


O Vampiro da Noite, dir. Terence Fisher (1958)

Jonathan Harker (John Van Hayssen) morre aparentemente vítima de um vampiro. Ao investigar a misteriosa morte do amigo, Van Helsing (Peter Cushing) encontra um diário que incrimina o Conde Drácula (Christopher Lee). Mas Lucy (Carol Marsh), a prometida de Harker, também foi atacada por um vampiro. O irmão e a cunhada da moça se unem a Van Helsing para capturar a sanguinária criatura. 

O primeiro Drácula da Hammer, estrelando Christopher Lee, que ficaria icônico no papel, interpretando o conde muitas vezes ao longo dos anos, O Vampiro da Noite é um deleite para quem gosta da Era Vitoriana e do clima de filmes clássicos de vampiros. Toda a atmosfera dos filmes da Hammer se faz presente neste, que conta com cenas que serviram de inspiração direta para a adaptação de Coppola, em 1992. Esse é o filme para quem gosta da obra de Bram Stoker, mas nunca foi muito além do clássico com Bela Lugosi. 


O Jardim Secreto, dir. Agnieszka Holland (1993)

Mary Lennox (Kate Maberly) é uma órfã enviada para viver na mansão de seu tio, que é cheia de segredos. Ela descobre um primo doente cuja existência não conhecia e um jardim abandonado, o qual está determinada a trazer de volta para a vida. 

Adaptado do livro de Frances Hodgson Burnett, O Jardim Secreto, ao lado de A Princesinha (também da mesma autora), é o clássico perfeito para crianças. Mary, uma menina órfã cujos pais morreram numa epidemia de cólera na Índia, vai para o interior da Inglaterra morar com seu tio - que é tão ausente quanto as histórias reais de parentes órfãos a quem acontecia coisa semelhante mostram. A mansão onde fica possui todos os tropos do gótico, com cem quartos, todos trancados, um mistério no ar e o próprio crescimento de uma criança que desperta para uma realidade diferente da sua pela primeira vez. 



Arte em destaque: Mia Sodré 
Mia Sodré
Mestranda em Estudos Literários pela UFRGS, pesquisando O Morro dos Ventos Uivantes e a recepção dos clássicos da Antiguidade. Escritora, jornalista, editora e analista literária, quando não está lendo escreve sobre clássicos e sobre mulheres na história. Vive em Porto Alegre e faz amizade com todo animal que encontra.

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