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People, what have you done?: cotidiano, classe e religião em Aqualung, de Jethro Tull

Conheci Jethro Tull à moda antiga: a rádio paulista de rock Kiss FM passava umas vinhetas para o programa Kiss Classic Rock (o meu favorito, na época com locução de Rodrigo Branco), e tocavam alguns trechos de músicas dos anos 1970. Tinha uma muito animada e com som abafado de rádio que me alucinava e eu não sabia nunca qual era; então ficava ouvindo a programação esperando para que um dia aparecesse. Não me lembro da primeira vez que a ouvi inteira, só sei que Rodrigo deve ter dito o nome da banda e da música e lá fui eu na internet buscar a discografia. A música era Aqualung.

Assim como Led Zeppelin, por muitos anos Jethro Tull era uma banda que eu ouvia muito, mas não considerava favorita. Não sei por quê, já que tive um blog de rock (fracassadíssimo) há mais de dez anos chamado “Spitting out pieces”, onde o logotipo era um pato morto feito no Photofiltre, tudo baseado na letra sobre o personagem principal da referida música. Hoje em dia é com certeza uma de minhas favoritas.

Feeling like a dead duck
Spitting out pieces of his broken luck
Oh, Aqualung

É uma banda de muitos acasos e encontros - e desencontros -, não somente comigo, mas entre seus próprios integrantes. Ian Anderson, o vocalista, compositor e produtor, é o único presente desde o início, no final dos anos 1960, e um guitarrista que durou uma semana nesse começo foi ninguém menos que Tony Iommi, futuro Black Sabbath! Além disso, a gravação do disco que hoje apresento foi vizinha de estúdio de Led Zeppelin IV, e Jimmy Page esteve presente na hora em que o guitarrista Martin Barre solava Aqualung.

Voltando à infância dos integrantes, é bom compreender toda a referência que tiveram em suas vidas para poder formar o que viria a ser essa banda de rock progressivo, folk, blues e meio medievalesca. É interessante pontuar que o que conhecemos hoje como “classic rock” estava muito longe de acontecer; imaginar um mundo sem aquilo que é tão marcado em nossas vidas é um exercício complexo, e ainda assim chocante, delicioso.

Jethro Tull: Clive Bunker, Martin Barre, Jefrey Hammond, Ian Anderson e John Evans

Ian Anderson nasceu em 1947 na Escócia, mas conheceu os outros rapazes no início da adolescência após se mudar para Blackpool, na costa noroeste da Inglaterra. Num mundo um pouco distante do que se conhece às vezes por “globalizado”, não muitos anos após o fim da Segunda Grande Guerra, questões culturais tinham outro peso, mas ainda assim eram uma carga pesada. Em A Passion play: the story of Ian Anderson and Jethro Tull, o biógrafo Brian Rabey entrevistou vários membros da banda e John Evans, o que primeiro topou com Ian na escola, conversou sobre o assunto. Ian Anderson fez de tudo para guardar consigo o sotaque, apresentando um inglês tão geral que não se podia afirmar se ele vinha de Blackpool, Londres, norte ou sul da Inglaterra. Uma maneira de evitar exposição entre colegas, que poderiam vir pra cima com todo o bullying que já sabemos que acontece nas escolas. Mas não era somente esse estranhamento xenofóbico que tanto estudamos hoje (e ainda estudamos pouco, opino aqui): era uma questão de lidar pela primeira vez na vida com o diferente, e Evans relatou, como exemplo, o furor que foi quando chegaram os primeiros asiáticos na cidade. As crianças iam vê-los no estabelecimento comercial que abriram, simplesmente por nunca terem visto um asiático na vida. Como crianças, entendo que fosse mais uma curiosidade ingênua sobre alguém vindo de terras distantes do que o preconceito nocivo e até às vezes assassino que um adulto pode alimentar.

Bom, diante disso, mais questões culturais se tornam simbióticas na formação dessa banda. Ian ouvia os vinis do pai, ex-militar, aos 6, 7 anos de idade. Era o blues americano, gênero musical que, assim como o soul, jazz, rock e os brasileiros samba e funk, teve suas origens em comunidades negras herdeiras de um passado de escravização de seus ascendentes. Elvis Presley, Beatles, Rolling Stones, tudo isso viria um pouco depois. Nem o jeans era moda ainda na Grã Bretanha! O pequeno Ian se apaixonou pelo som, como uma criança sem limites para sonhar. Mas quem resgatou isso para a banda, quando formada, foi Hammond. Enquanto as bandas contemporâneas tocavam a moda das rádios do momento, e a moda era Beatles e o ie-ie-ie, eles se voltavam a Chuck Berry, Bo Diddley, Sonny Terry & Brownie McGhee… iam contra a corrente, até porque Ian é uma pessoa crítica a essa música do show business não lhe agradava, desde criança não gostou de Elvis, nem nunca foi fã de Beatles, preferindo artistas mais “sérios” do blues - “Gosto de pessoas mal-humoradas que sabem rir”

A banda teve diversos nomes: The Blades, The John Evan Band, The Navy Blue, mas iam mudando a cada show. Em uma de suas três entrevistas para Jô Soares nos anos 90, Ian brincou que a banda era tão ruim que mudava o nome toda hora para conseguir voltar a se apresentar e ter público. A mesma afirmação consta no site oficial da banda. Enquanto não desistiam do sonho, os rapazes de classe média tinham empregos paralelos e se viravam como podiam. O título “Jethro Tull” aconteceu muito por acaso: o agente da banda era um leitor ávido, historiador, e estava estudando sobre um agricultor de Berkshire do século XVIII, um tal de Jethro Tull, que inventou a semeadeira mecânica e colaborou com a Revolução Agrícola britânica. O nome pegou e a banda fez história.

Capa feita em aquarela por Burton Silverman

Aqualung é o quarto disco de Jethro Tull. Antes dele vieram This Was (1968), Stand Up (1969) e Benefit (1970). Desde o início, a banda troca alguns integrantes, então a formação a seguir é específica desse disco cinquentenário:

Ian Anderson – vocais, flauta, violão, teclado
Martin Barre – guitarra solo, bandolim, alaúde
Jeffrey Hammond – baixo, vocal de apoio
Clive Bunker – bateria, percussão
John Evans – teclado, piano, vocal de apoio

Desses, Martin Barre foi quem ficou mais tempo na banda depois de Ian Anderson (que só saiu em 2011), e Jeffrey Hammond e John Evans estiveram juntos com Ian na adolescência coletando referências do blues e aprendendo a tocar instrumentos.

Interior do encarte
A arte de capa possui um imbróglio complicado e sem data para se resolver. Terry Ellis, coprodutor do disco, pagou ao estadunidense Burton Silverman US$1.500 na época por 3 obras, que constituem capa, contracapa e miolo do disco, feitos em aquarela. A capa é icônica, mas Ian a detesta. Envolvida em polêmicas, acaba chamando mais atenção ainda! Pois o artista vendeu para ser usado num disco, o contrato foi feito por palavras ao vento, ou seja, nenhum documento físico que garantisse seus direitos e os deveres dos compradores. O disco foi um inesperado sucesso, a cada cinco ou dez aniversários são lançados boxes comemorativos, além de objetos como canecas, camisetas, pôsteres… que vão muito além de uma simples capa de disco. Em 1971 a única possibilidade era o vinil; em 2021 já passou por K7, CD, VHS (se algo visual), estampa Spotify, Deezer, iTunes, etc., fora os compartilhamentos para além disso. Essa arte ganhou o mundo, vendeu milhões de cópias, e para o artista só aqueles US$1.500 iniciais. Existe um texto do filho dele contando o caso, e como Ian respondeu sua correspondência sem partir em sua defesa. Em fórum online, os fãs se dividem entre achar a postura do flautista arrogante ou correta, já que nem ele possui os direitos sobre a obra, que está com não-sei-quem, provavelmente tendo sido roubada do escritório de Ellis, o negociante, ou esquecida em um hotel em época de turnê e encontrada por uma camareira da Georgia-USA. Só sobrou uma das três imagens, do interior do encarte. O artista, hoje com memória falha e com quase 90 anos, diz que se inspirou no próprio corpo e na música, que assistiu ser gravada. Já Ian diz que foi inspirado nele, Ian, de uma forma que não gostou - preferia que a capa fosse uma fotografia. Um trololó que não somos nós quem vamos sentenciar, nos resta então admirar a obra. O campo da arte é vasto e repleto de discussões intermináveis e acaloradas, por isso é maravilhoso, inclusive.

Verso da capa. Atenção para o texto crítico em versículos, vinculado à faixa My God

As músicas também são tema de menor polêmica, porque críticos costumam caracterizar Aqualung como um disco conceitual, ou seja, que orbita sobre um ou dois temas, em que as músicas se completam. Talvez tenham entendido isso porque o lado A do vinil chama-se Aqualung e o lado B My God, e as canções, mais de uma, falam sobre pessoas em situação de miserabilidade e/ou vulnerabilidade e questionam questões religiosas da sociedade britânica como ninguém na época. Ian Anderson - que representa e é possuidor do que conhecemos por Jethro Tull - discorda, e é dito que, só por raiva (aqui me identifico), fez questão que Thick as a brick, disco seguinte, fosse todinho conceitual, para esse povo ver o que é Jethro Tull fazendo um disco conceitual de verdade. Mas esse é outro clássico para um outro momento.

Em março, quando Aqualung completou seus 50 anos, foi feita uma live, disponível no youtube, onde o Flautista, não de Hamelin, mas de Dunfermline, contou brevemente as motivações de cada canção, e entre essas afirmações é possível ouvir o disco, que com o passar dos anos foi remasterizado por Steven Wilson, um importante artista e produtor musical do rock progressivo e pós-progressivo contemporâneo. 

Lado A

Aqualung

Composta num quarto de hotel, a melodia de introdução agressiva veio na mente de Anderson, e a letra foi produzida junto com a primeira esposa, a então fotógrafa Jennie Anderson, atual Jennie Franks. Ela fez uma série de fotos de moradores de rua, mostrou pra ele e decidiram escrever. A letra fala de um caminhante sem moradia, miserável, doente, um pária da sociedade, que Anderson admite ter romantizado, por essa ideia de liberdade de não estar dentro do padrão (admito, também, sou apaixonada por todo esse confronto à norma, e acabo usando de forma literária). “Aqualung” é equipamento de mergulho, para conseguir respirar debaixo d’água (aqua = água, lung = pulmão), e se tornou o nome do personagem pelo som da respiração de alguém com problemas respiratórios, que lembra o som de um aqualung - o que é absolutamente triste pensar na atualidade. O solo foi pensado por Barre.

Eu tinha sentimentos de culpa em relação aos moradores de rua, ao mesmo tempo medo e insegurança com algumas dessas pessoas que pareciam um pouco assustadoras. E suponho que tudo isso tenha sido combinado com uma pequena romantização da imagem de uma pessoa despossuída, mas ainda assim um espírito livre, que não vai ou não pode adentrar na norma prescrita pela sociedade. Então, a partir da fotografia e desses sentimentos, comecei a escrever as palavras para ‘Aqualung’.
— Ian Anderson

Sun streaking cold, an old man wandering lonely
Taking time the only way he knows
Leg hurting bad as he bends to pick a dog-end
He goes down to the bog and warms his feet
Feeling alone, the army's up the road
Salvation a la mode and a cup of tea
Aqualung my friend, don't you start away uneasy
You poor old sod, you see, it's only me

Cross-eyed Mary

Aqui, Aqualung reaparece como coadjuvante na narrativa da história de Mary, uma jovem prostituta estrábica. Cinquenta anos após essa canção (a terceira mais popular do perfil da banda no Spotify), Ian considera que talvez reescreveria suas músicas com menos estereótipos, entendendo que isso não cabe na sociedade atual (é vivendo que se aprende). De todo modo, é outra canção outsider, de um caminhante com olhos voltados a grupos sociais não muito populares. Mary não foi baseada em ninguém em especial, até porque, segundo ele, nunca contratou serviços do gênero.

She's a rich man stealer
But her favour's good and strong
She's the Robin Hood of Highgate
Helps the poor man get along

Cheap day return

No início dos anos 1970, o pai de Anderson adoeceu e ele achou que seu velho iria morrer. Para visitá-lo, precisou pegar o trem, e escolheu a opção mais barata de passagem, que lembra um pouco o bilhete único paulistano: “cheap day return” é um bilhete barato (cheap), que vale para ida e volta se você conseguir pegar novamente o trem num curto espaço de tempo. Ian ficou cerca de 30 minutos com o pai, que não faleceu nessa ocasião, e escreveu a música baseada no retorno, onde trocou de trem e ficou esperando na plataforma, pensando se o Seu James Anderson estava sendo bem cuidado mesmo pelas enfermeiras.

On Preston platform
Do your soft shoe shuffle dance
Brush away the cigarette ash
That's falling down your pants
And then you sadly wonder
Does the nurse treat your old man
The way she should?
She made you tea
Asked for your autograph
What a laugh

Mother Goose

Uma pantomima baseada numa paisagem colorida, hippie, de pessoas de diversos estilos passeando no final de semana setentista. É a mais surreal, teatral das canções do disco, embora com pé na realidade. Forma par com a anterior.

Walked down by the bathing pond
To try and catch some sun
Saw at least a hundred school girls
Sobbing into handkerchiefs as one
I don't believe they knew
I was a schoolboy

Wond’ring aloud

Uma canção acústica que remete ao gostoso sentimento de acordar de manhã e fazer um chá; nas palavras de Anderson, uma das poucas canções de amor em seu repertório. Trata do homem pensando no dia anterior, enquanto observa a mulher fazendo café da manhã e reflete sobre esse companheirismo. Pelo cuidado dele em suavizar a voz, consigo imaginar até os raios de sol da manhã iluminando a casa, a cama, a pia da cozinha e a água caindo do bule na xícara de porcelana:

Wond'ring aloud
Will the years treat us well
As she floats in the kitchen
I'm tasting the smell, yeah
Of toast as the butter runs
Then she comes, spilling crumbs on the bed
And I shake my head

And it's only the giving
That makes you what you are

Up to me

Mais uma canção composta a partir do observar a paisagem e imaginar o que cada pessoa observada faz da vida, de onde veio, para onde vai. Como Anderson optou pela escola de Arte na adolescência, acabou praticando esse olhar observador de pintor ou fotógrafo. Na live de aniversário, comentou que ele traduz esse olhar de pintor para algo mais imediato e descritivo quando pensa em comunicar algo para o público, algo que possa interpretar ao vivo, e o que torna essa tradução possível é a música. “Up to me is another of those street songs”.

Well I'm a common working man
With a half of bitter, bread and jam
And if it pleases me I'll put one on you man
When the copper fades away
Whoa oh it's up to me

Lado B

My God 

Uma das - mais bonitas - primeiras músicas a ser composta para o álbum, ainda no verão do ano anterior, é dramática e crítica à religião como instituição, pessoas que utilizam-se da religião para impor poder, controle sobre sinceros fiéis, indo contra o que Cristo pregava. Escreveu a canção pensando nos tempos de adolescente, onde teve contato com o ensino religioso na escola e ficou impressionado com as atitudes de um professor rígido, que hoje ele compreende um pouco mais, mas na época era seu opositor.

And the bloody church of England
In chains of history
Requests your earthly presence
At the vicarage for tea

Hymn 43

Continuando a crítica, Hymn 43 é como um cântico comum em missas e celebrações. Uma espécie de “Hosana” ou algo do tipo. Mas tocando, expondo a ferida desses fiéis que agem violentamente contra grupos oprimidos em nome de Deus

And the unsung Western hero
Killed an Indian or three, hey hey hey
And then he made his name in Hollywood, oh!
To set the white man free
Oh Jesus save me!

Slipstream

Uma curta canção, sem fim nem começo, que Anderson gosta de pensar como enigmática, que encapsula o tempo presente, simplesmente. Se é para ser uma arte ilustrativa, descritiva, penso nela como uma bolha de sabão. É aquilo que, quando você vai ver, já foi. Talvez fale novamente desses que têm muito e acham que podem comprar seu lugar no céu, mas acabam tendo suas asinhas queimadas feito Ícaro, da mitologia.

Well, the lush separation enfolds you
And the products of wealth
Push you along on the bow wave
Of their spiritless undying selves

Locomotive Breath

Nem posso me estender muito sobre o tema dessa, que merece um texto inteiro só pra si e o capital. Porque trata de Revolução Industrial, pós-guerra, “globalização” (ou “mundialização”, dependendo do que se quer propor), demografia populacional - a população que aumentou assustadoramente em pouquíssimo tempo nesse tal de século XX e o mundo não deu conta de abrigar, alimentar, educar a todos (ou não quis mesmo), migrações, american way of life, enfim, questões que afligem a todos nós pelo mundo afora, entra ano e sai ano, entra guerra e sai guerra, entra vírus e sai vírus (se sair). Essa música tem temas pesados e urgentes, tal qual uma locomotiva:

In the shuffling madness
Of the locomotive breath
Runs the all-time loser
Headlong to his death
He feels the piston scraping
Steam breaking on his brow

Old Charlie stole the handle
And the train it won't stop going
No way to slow down

Wind-up

O disco termina com, novamente, uma pesada crítica baseada nos tempos de escola religiosa de Anderson, que denuncia a violência não só dos adultos batendo em crianças e falando de Deus, mas também os meninos mais velhos abusadores. Na música ele fala como tudo isso o ensinou como não se deve jogar o jogo.

How do you dare to tell me that I'm my father's son
When that was just an accident of birth
I'd rather look around me, compose a better song
'Cause that's the honest measure of my worth
In your pomp and all your glory you're a poorer man than me
As you lick the boots of death born out of fear

Como estamos falando do cinquentenário de Aqualung, as músicas aqui citadas são as do disco original. Com o sucesso, relançamentos e remasterizações, mais canções da época foram adicionadas, mas isso daria vários textos a mais.

O flautista Ian Anderson, década de 1970
Para vocês verem a diversidade dentro desse gênero do rock: diferente da metáfora, da fantasia aérea, fabulosa, abstrata de Genesis, que também possuiu seu flautista mágico, Jethro Tull é muito mais impulsivo, digamos. Ambos os frontmans atuando e seduzindo o público com seus instrumentos de sopro e atuações espetaculares nos palcos, mas trazendo atmosferas diferentes, como uma trifaccia veneziana, um Cérbero ou qualquer representação imagética de trindade que caiba aqui. Enquanto Gabriel é mais silencioso, rasteiro, raposo nos palcos de um azul escuro, cor fria, e traz o contexto da nobreza vitoriana e questões subjetivas, teóricas, Anderson é um leão, uma explosão em vermelho e marrom, cores quentes, sólidas, ativas, representando suas canções do cotidiano de um modo mais prático, de uma perspectiva vinda de baixo (o que me faz pensar em ler mais o historiador Edward Palmer Thompson). Como João Cabral de Melo Neto - amei essa conexão de pensamentos quando vi as entrevistas -, Ian Anderson vê o mundo e pinta o que vê em música, suas paisagens musicadas de temas sociais mais distantes do ambiente da nobreza. E essas peculiaridades dentro de um mesmo gênero musical, o rock progressivo, são resultado da origem e realidade em que cada artista cresceu, num mesmo país e período.

Referências




Texto: Helen Araújo 
Arte em destaque: Mia Sodré 
Helen Araújo
Filha de paraibanos nascida en São Paulo em 1992. Historiadora e artesã com espírito setentista, escreve sobre tudo, especialmente música, símbolos, mitos e migrações. Quando não escreve no Querido Clássico e Um Velho Mundo, fabrica onde escrever: cadernos no Estúdio São Jerônimo.

Comentários

  1. eu adorei esse texto, helen. como adoro todos os outros teus. pq você coloca tudo num enquadramento organizado e complexo ao mesmo tempo, q sei não...e isso do exercício complexo de imaginar um mundo em q uma coisa q é tão presente na nossa vida ainda n existia é doido. gosto de como aparece aqui o q vc falou sobre ter uma experiência totalmente diferente q só uma releitura feita a partir de um outro lugar pode oferecer à gente. na parte de cross-eyed mary essa trecho ficou na minha cabeça: "Cinquenta anos após essa canção (a terceira mais popular do perfil da banda no Spotify), Ian considera que talvez reescreveria suas músicas com menos estereótipos, entendendo que isso não cabe na sociedade atual (é vivendo que se aprende)". olha, é uma aula. uma sessão de terapia. não sei hahaha. pq primeiro, chego aqui e vejo tu conseguindo sistematizar impressões, histórias, pensamentos, de um jeito mt massa. e penso em como as coisas dispostas desse jeito podem acessar mts lugares novos. que bom!!! preciso aprender hahah e depois, por causa de uma frase, entendo q preciso abandonar esse """prefeccionismo""" problemático q já aplico inconsciente mente às menores coisas, essa a expectativa de criar um conceito absoluto. imagina...

    já tô esperando o próximo!

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  2. Que texto bacana. Gostei muito. Seria possível você reproduzir isto no Youtube pra gente poder dar like?

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