Embora hoje seja considerada a obra-prima de F. Scott Fitzgerald e tenha se tornado um clássico — talvez O Grande Clássico Estadunidense —, O Grande Gatsby não agradou a todos quando foi lançado, em 1925. As críticas de grandes veículos não foram muito boas, ao contrário do que havia acontecido com seu primeiro romance, Este Lado do Paraíso, que fora recebido com entusiasmo. Porém, a maioria, ainda que não encontrasse nele as mesmas qualidades do livro de estreia do autor, concedeu-lhe mérito por retratar uma parte da vida de meados da década de 1920. Abaixo encontra-se a tradução da crítica publicada no jornal The New York Times, em 19 de abril de 1925.
Scott Fitzgerald olha para a meia-idade
Por Edwin Clark
O Grande Gatsby
Por F. Scott FitzgeraldDos muitos novos escritores que surgiram com o advento do período pós-guerra, Scott Fitzgerald permaneceu como o artista mais constante e o mais divertido. Contos, romances e uma peça o seguiram com regularidade consistente desde que ele se tornou o filósofo das melindrosas com "Este Lado do Paraíso". Com observação perspicaz e humor, ele refletiu a Era do Jazz. Agora, ele se despediu de suas melindrosas — talvez porque elas cresceram —, e está escrevendo sobre as irmãs mais velhas que se casaram. Mas o casamento não mudou seu mundo, apenas o local de suas festas. Para usar uma frase de Burton Rascoe — seus românticos feridos ainda procuram aquele outro lado do paraíso. E quase se pode dizer que "O Grande Gatsby" é o último estágio da ilusão nessa perseguição absurda. Pois a meia-idade certamente está se aproximando das melindrosas de Fitzgerald.
Em todos os grandes locais áridos, a natureza oferece um oásis. Portanto, quando a costa Atlântica foi hermeticamente fechada por lei, a natureza forneceu uma saída, ou melhor, uma enseada, em Long Island. Local de charme natural inato, tornou-se exuberante e luxuoso sob o estresse dessa atenção excessiva, uma sede de atividades festivas. Ele expressa uma fase do grande espetáculo grotesco de nossa cena americana. É humor, ironia, obscenidade, pathos e beleza. Dessa grotesca fusão de incongruências, um novo humor tornou-se lentamente consciente — um produto estritamente americano. Não é sensibilidade, como testemunham os escritos de Don Marquis, Robert Benchley e Ring Lardner. É o espírito de "Processional" e "The Grand Inquisitor", de Donald Douglas: um conflito de espiritualidade colocado contra a teia de nossa vida comercial. Ao mesmo tempo turbulento e trágico, ele anima este novo romance do sr. Fitzgerald com magia caprichosa e pathos simples que é realizado com economia e moderação.
Tradução e arte em destaque: Mia Sodré
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