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5 curiosidades bizarras sobre a Idade Média

Com a queda do Império Romano em 476, a humanidade entrou em uma nova era, conhecida como Idade Média, que perdurou até 1453. Em uma visão mais romântica, pode parecer um período encantador, repleto de longos e belos vestidos, grandes castelos góticos e incríveis histórias com príncipes e princesas, mas, por um lado mais realista, a Idade Média foi marcada pela fome, pela peste, pelas doenças e pelo domínio da Igreja Católica.

A era medieval foi considerada por muitos pensadores iluministas e renascentistas como a idade das trevas, pois, segundo eles, durante a era, houve um declínio no intelecto artístico e científico, em comparação ao período greco-romano. O motivo se devia à dominação da Igreja Católica nos valores e crenças da sociedade, o que teria impedido o desenvolvimento do intelecto e do conhecimento. Hoje sabemos que esse termo não passa de uma denominação preconceituosa. A partir do século XIX, as transformações da época passaram a ser mais estudadas, e o desenvolvimento tecnológico na agricultura e na arquitetura foi reconhecido. Algumas invenções e descobertas importantes para a humanidade, como a imprensa, o relógio mecânico, o óculos, o papel e até as notas musicais, não podem ser esquecidas.

E apesar de todo o avanço, a Idade Média foi um período cheio de bizarrices, no qual as crendices e superstições dominavam a vida nos vilarejos, e os costumes perturbadores e a influência do cristianismo moldaram uma era capaz de nos causar arrepios até hoje.

Medicina macabra

A medicina na Idade Média era marcada por práticas baseadas em crenças religiosas, já que nesse período o conhecimento da medicina sobre o corpo humano era limitado. Era muito comum que poções e amuletos considerados mágicos fossem usados como remédios, assim como ervas e substâncias incomuns eram amplamente recomendadas aos pacientes, sem qualquer base científica. Outra prática recorrente era cortar as veias dos doentes e retirar grandes quantidades de sangue, pois os médicos acreditavam que a sangria, técnica para tal, seria uma boa maneira de tratar doenças. A ação, é claro, na maioria das vezes resultava em mais danos do que benefícios, podendo enfraquecer o paciente.

Os exorcismos eram uma alternativa para doenças desconhecidas ou comportamentos estranhos. Em vez de tratar os transtornos mentais como condições médicas, eles eram muitas vezes considerados possessões demoníacas. Médicos e sacerdotes frequentemente se uniam para realizar exorcismos, que envolviam rituais religiosos e, às vezes, tratamentos físicos dolorosos.

Sem dúvidas, um dos métodos mais agonizantes e perturbadores de todos era a trepanação. A técnica pretendia tratar hipertensão intracraniana, doenças mentais, dores de cabeça e também possessões. Os médicos medievais faziam a perfuração do crânio com brocas ou outros instrumentos para libertar os doentes dos "maus espíritos". Desde o início da civilização, a trepanação era praticada sem qualquer anestesia, levando o paciente à morte.

Amarelo, a cor do mal

Na Idade Média, o amarelo era uma cor associada a algo maligno. Essa percepção foi influenciada por vários fatores culturais e sociais da época. 

Na Europa medieval, os judeus eram frequentemente obrigados a usar distintivos amarelos em suas roupas como uma forma de identificação - essa era uma prática discriminatória que os marcava e os tornava alvos de perseguições. Uma das principais razões para a associação negativa da cor era a sua ligação com a traição e a deslealdade.  Além disso, o amarelo também estava relacionado à doença e à decadência. Na época, muitas doenças infecciosas causavam icterícia, que resultava em uma coloração amarelada da pele e dos olhos. Essa ligação entre a cor amarela e a doença contribuía para a sua reputação negativa.

A cor chamativa também era frequentemente relacionada ao ouro e à riqueza, o que provocava inveja e ressentimento entre aqueles que não possuíam recursos. A ganância e a avareza eram consideradas pecados mortais na época.

A maldição da infertilidade

Por um tempo, a infertilidade era associada apenas às mulheres. A gravidez era a única opção naquela época, e as moças que não conseguiam engravidar eram frequentemente submetidas a práticas religiosas, como orações e peregrinações a locais sagrados, na esperança de obter a graça divina e a capacidade de conceber. 

Na era medieval, diversos métodos eram empregados na tentativa de identificar problemas relacionados à infertilidade, tanto nas mulheres quanto nos homens. Ambos deveriam urinar em um recipiente contendo farelo, e o líquido era mantido em reserva por um período de nove a dez dias; após esse tempo, se surgissem vermes em um dos vasos, então era possível identificar quem era infértil. Além disso, algumas crenças envolviam a ingestão de testículos de porco desidratados e triturados, junto com vinho, ao longo de três dias.

Punições mortais

As técnicas de tortura na Idade Média eram, sem dúvidas, umas das mais macabras e terríveis de todos os tempos. Uma prática muito frequente naquela época, principalmente para crimes como blasfêmia ou roubo, era o Caixão da Tortura. O sentenciado era obrigado a ficar dentro de uma caixa pequena que era pendurada, geralmente em praça pública, durante vários dias até sua morte. As gaiolas ficavam expostas para que os animais pudessem se alimentar do indivíduo enquanto ele ainda estivesse vivo.

Vlad III, mais conhecido como Vlad, o Empalador, ou o homem que inspirou a história do Conde Drácula, de Bram Stoker, foi um príncipe da Valáquia, região que hoje faz parte da Romênia, e ficou conhecido por seus empalamentos durante seu governo no século XV. A técnica brutal de tortura marcou profundamente a história. O empalamento envolvia a inserção de uma estaca afiada no corpo da vítima, geralmente pelos seus genitais, a pessoa era erguida e deixada para morrer de maneira lenta e agonizante; muitas vezes, a vítima levava horas, ou até mesmo dias para morrer.

Vlad III usava os empalamentos como uma ferramenta de intimidação e punição contra seus inimigos, como um meio de manter a ordem em sua região. Algumas histórias diziam que o conde costumava apreciar suas refeições enquanto as estacas atravessavam os orifícios de seus inimigos. Estima-se que Vlad tenha matado aproximadamente 80 mil homens, mulheres e crianças, e empalado cerca de 20 mil. Alguns historiadores afirmam que esse número pode ser ainda maior.

O Jantar Negro

O evento foi um dos acontecimentos mais macabros e sombrios da Escócia. O Jantar Negro foi um banquete que resultou em traição e brutalidade extrema. Em 1440,  William, Conde de Douglas, de 16 anos, e seu irmão mais novo, David, foram convidados para o Castelo de Edimburgo pelo jovem rei escocês, Jaime II, de apenas 10 anos de idade.

No entanto, em vez de uma refeição comum, o jantar se transformou em uma armadilha mortal. O rei Jaime II acreditava que os Douglas eram uma ameaça ao seu poder, então, durante a refeição, uma grande cabeça de um touro preto foi colocada na mesa do banquete, como um símbolo de execução, e os Douglas foram decapitados ainda durante a festa. Esse evento consolidou o poder do jovem rei Jaime II sobre o trono escocês e retrata a instabilidade política e a brutalidade do período medieval na Escócia. A história ficou conhecida recentemente por ter inspirado o Casamento Vermelho na série Game of Thrones.

Referências




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Isadora Bispo
Bacharel em Jornalismo, escreve sobre tudo o que envolve cultura e entretenimento. Ama música pop e ainda faz questão de comprar todos os cds da Taylor Swift. Viciada em documentários true crime, histórias de fantasia, era vitoriana, tarot e mitologia grega. Apaixonada por literatura, cinema, arte e história, de preferência tudo isso junto.

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