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5 curiosidades sobre a vida de Jane Austen

Jane Austen nasceu em 16 de dezembro de 1775, em Steventon, Hampshire, na Inglaterra. Jane teve seis irmãos e uma irmã, Cassandra Austen, de quem era muito próxima. Seu pai, o reverendo George Austen, era reitor e um estudioso, que por toda vida incentivou o amor pela leitura nos filhos, compartilhando uma biblioteca pessoal de aproximadamente 500 volumes. Ao longo de sua vida, Jane Austen finalizou seis romances: Razão e Sensibilidade, Orgulho e Preconceito, Mansfield Park, Emma, A Abadia de Northanger e Persuasão. Em suas obras, retrata vividamente a vida da classe média inglesa durante o início do século XIX, abordando temas como o casamento, o amor, o status social e os valores morais. Seu legado perdurou por anos, até os dias atuais, tornando-a uma das autoras mais consagradas de todos os tempos. 

Os amores de Jane Austen

Embora nunca tenha se casado, Jane teve alguns admiradores; o mais conhecido deles foi Tom Lefroy, um jovem irlandês que Jane conheceu em dezembro de 1795, aos 20 anos de idade. "Ele é um jovem muito cavalheiresco, bonito e agradável, garanto-lhe", é assim que Jane descreveu Tom para sua irmã. Ele havia se mudado para Londres para estudar Direito, e era sobrinho de um amigo da família. Estava passando as férias de Natal com seu tio e sua tia que moravam em Ashe, perto de Steventon. Os dois se encontravam em bailes e festas e se encantaram um pelo outro, mas não podiam trocar cartas sem que estivessem noivos. O casal, porém, quebrou as regras, e por isso temos alguns registros de Tom Lefroy em correspondências escritas por Jane durante algum tempo. Após poucos encontros, Tom voltou a Londres para retornar aos estudos e Jane retomou a escrita de seus livros.

Até hoje não sabemos se a autora gostaria de ter se casado com Tom, mas o fato é que ambos não tinham as condições financeiras necessárias para um casamento. Tom Lefroy ficou noivo de Mary Paul, irmã de um amigo, dois anos depois de retornar a Londres, e se tornou Lord Chief Justice da Irlanda. Em uma das cartas de Jane para Cassandra, entre 14 a 15 de janeiro de 1796, a autora escreveu: "Finalmente chegou o dia em que devo flertar pela última vez com Tom Lefroy, e quando você receber isto estará acabado. Minhas lágrimas escorrem enquanto escrevo, com a ideia melancólica"

Tom Lefroy, no entanto, não foi seu último pretendente. Em 1802, Jane Austen recebeu uma proposta de casamento de um homem chamado Harris Bigg-Wither. Ele era um amigo de longa data da família Austen e era visto como uma boa escolha, se apresentando com uma ótima posição financeira e tendo uma propriedade. De início, a escritora aceitou o pedido, mas recusou a proposta no dia seguinte. Jane nunca se casou, pois, segundo ela, não poderia manter um laço apenas por conveniência e viver um casamento sem amor verdadeiro.

Orgulho e Preconceito foi recusado por uma editora 

A publicação da obra foi demorada, acontecendo apenas quase 17 anos após ser escrita. A primeira versão da história surgiu quando a autora tinha apenas 20 anos, mas a obra ganhou sua primeira publicação quando Jane tinha 37 anos. Inicialmente, as obras de Jane Austen foram publicadas anonimamente, sem que seu nome fosse revelado como autora, o que era comum na época para mulheres escritoras. Orgulho e Preconceito, uma das obras literárias mais amadas e influentes de todos os tempos, foi rejeitada inicialmente em 1º de novembro de 1797, quando o pai de Austen mostrou o manuscrito para o editor Thomas Cadell, em Londres. A recusa do manuscrito pode ser atribuída ao título original, "First Impressions", não ter sido tão atraente quanto "Orgulho e Preconceito", além de não refletir os temas centrais do romance. 

No entanto, Jane não desistiu da publicação, e continuou a trabalhar em seu romance e revisá-lo ao longo dos anos. Finalmente conseguiu que o livro fosse publicado em janeiro de 1813, sob o título que conhecemos hoje, vendendo os direitos para Thomas Egerton por 110 euros. 

O rosto da autora é um mistério

O rosto de Jane Austen é um mistério porque não existem retratos autenticados da autora. Austen viveu de 1775 a 1817, uma época em que a fotografia ainda não existia e os retratos eram feitos através de pinturas, desenhos e gravuras. Embora haja diversos retratos atribuídos a ela, nenhum deles foi confirmado de forma conclusiva como um retrato autêntico.

Além disso, o pequeno número de retratos que temos hoje tem diferenças entre si, o que torna ainda mais difícil determinar qual deles poderia representar com uma precisão maior a aparência de Jane Austen. Alguns retratos foram criados por artistas que nunca a conheceram pessoalmente, enquanto outros foram feitos por familiares após sua morte e podem não representar com precisão sua aparência. O retrato mais famoso é uma aquarela feita por sua irmã Cassandra, que é conhecida por ter sido modificado por Cassandra após a morte de Jane. 

Retrato de Jane Austen por Cassandra Austen (1810)

Por isso, pesquisadores têm se esforçado ao longo dos anos para tentar autenticar um retrato, o que até o momento não aconteceu. Como resultado, o rosto de Jane Austen permanece um mistério, e sua aparência física continua gerando especulação e debate entre admiradores de sua obra.

Uma grande escritora de cartas

Jane Austen, além de romancista, foi também uma grande escritora de cartas. Seus registros são uma fonte valiosa de insights sobre sua vida, personalidade e visão de mundo. Embora muitos dos registros não tenham resistido ao longo dos anos, o pouco material a que temos acesso nos dá pistas incríveis sobre a personalidade e humor da autora. 

Em suas cartas, Jane abordava eventos cotidianos, relacionamentos pessoais, e compartilhava alguns comentários sobre política, literatura e sociedade. Seu estilo irônico e muito expressivo, com sacadas e falas inteligentes presentes em seus romances, pode ser percebido também em suas correspondências. Suas cartas nos revelam um pouco de sua ligação com a família, principalmente com sua irmã Cassandra, de quem era muito próxima.

Jane Austen naturalmente abordava suas atividades de escrita e publicação de suas obras em suas cartas e compartilhava suas opiniões sobre o mundo literário da época. Ela criticava a indústria editorial e a falta de reconhecimento das mulheres como escritoras, expressando sua frustração pelos desafios que enfrentava para publicar suas obras. Um número considerável de cartas foram censuradas ou destruídas por sua família após a morte de Jane, provavelmente para proteger sua imagem e privacidade. As cartas de Jane Austen são uma janela importante para nos ajudar a compreender sua personalidade e visão de mundo. Elas nos mostram sua habilidade única de observar a sociedade e as pessoas ao redor.

''Rowling, domingo, 18 de setembro [de 1796]

Que calor horroroso está fazendo! Deixa as pessoas em um contínuo estado de deselegância. Se a Srta. Pearson for voltar comigo, por favor, tome cuidado para não esperar muita beleza. Eu não vou fingir e dizer que, à primeira vista, ela fez jus à opinião que eu tinha formado sobre ela. Minha mãe, eu tenho certeza, ficará desapontada se não tomar muito cuidado. Pelo que eu posso lembrar de sua figura, não há muita semelhança. Eu estou muito contente que a ideia de retornar com Frank tenha me ocorrido, pois quando Henry virá para Kent novamente é um evento tão incerto que eu teria de esperar sentada.''

(Carta de Jane Austen endereçada à Cassandra)

A causa da morte 

A morte de Jane Austen ocorreu em 18 de julho de 1817, aos 41 anos, na pequena cidade de Winchester, Inglaterra. A causa exata de sua morte foi objeto de especulação e debate ao longo dos anos, as evidências disponíveis na época eram limitadas, a medicina do século XIX não possuía os avanços tecnológicos e o conhecimento médico necessário. Suspeita-se que tenha sido vítima de uma doença não diagnosticada na época, como a doença de Addison ou linfoma. 

Uma das hipóteses mais aceitas sugere que Jane Austen pode ter realmente sofrido de doença de Addison, uma condição rara na qual as glândulas supra-renais não produzem hormônios suficientes. Os sintomas da doença de Addison, como fadiga, fraqueza e perda de peso, coincidem com os relatos dos últimos anos de vida de Austen.

Recentemente, uma das hipóteses que ganhou atenção é a possibilidade de que Jane tenha sido envenenada com arsênico. O arsênico era amplamente utilizado na época em produtos comuns, como tintas verdes, papéis de parede, cosméticos e até mesmo medicamentos. Além disso, muitos dos sintomas relatados por Jane antes de sua morte ajudam a reforçar a ideia de envenenamento por arsênico. É importante ressaltar, porém, que a maioria dos historiadores e médicos especialistas ainda acreditam que a doença de Addison é a explicação mais provável para a morte da autora.

Explorando alguns fatos sobre a vida de Jane Austen, desvendamos segredos por trás de sua genialidade literária e das palavras que continuam a encantar e inspirar leitores ao redor do mundo. Conhecendo um pouco mais da mulher por trás de algumas das maiores histórias de amor, nos permitimos ser cativados por suas ideias e pelo fascinante universo retratado por ela.

Referências




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Isadora Bispo
Bacharel em Jornalismo, escreve sobre tudo o que envolve cultura e entretenimento. Ama música pop e ainda faz questão de comprar todos os cds da Taylor Swift. Viciada em documentários true crime, histórias de fantasia, era vitoriana, tarot e mitologia grega. Apaixonada por literatura, cinema, arte e história, de preferência tudo isso junto.

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