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As várias faces de Chucky: 34 anos do brinquedo assassino


Um dos personagens de terror mais conhecidos no imaginário do público, o boneco Chucky, vem assombrando crianças e entretendo adolescentes e adultos desde o ano de 1988, sendo que desde então já tivemos oito filmes, entre continuações e reboot, além da aclamada série Chucky (2021), que ganhará uma nova temporada neste Halloween. Para se preparar para os novos episódios, que prometem muito sangue e carnificina, e entrar no clima do Dia das Bruxas, preparamos uma lista comentando cada fase do brinquedo assassino:

Brinquedo Assassino (1988)


Dirigido por Tom Holland em 1988, o público teria seu primeiro contato com a história do boneco Good Guy. O enredo é o mais simples de todos os filmes: uma mãe compra o boneco da moda, Good Guy, para seu filho de aniversário. No entanto, com o tempo começa a observar atos estranhos e mortais acontecendo ao seu redor, até que descobre que o boneco estava possuído pela alma de um serial killer da região, Charles Lee Ray. A partir disso, começamos a acompanhar a luta do garoto Andy Barclay (Alex Vincent) pela sobrevivência.

Brinquedo Assassino 2 (1990)


Dois anos após o sucesso do primeiro filme da franquia, dando segmento à onda de continuações de slashers das décadas de 1980 e 1990, Brinquedo Assassino 2 é lançado nos cinemas. Dessa vez dirigido por John Lafia, acompanhamos a história do garoto Andy em sua nova casa, com sua família adotiva, já que sua mãe havia sido internada em um hospital psiquiátrico ao alegar que o boneco dado ao seu filho era assassino. Mas o que Andy não esperava era que Chucky estivesse motivado a consumir sua alma, perseguindo-o até o novo lar, onde daria início à uma nova matança.

Brinquedo Assassino 3 (1991)


Sendo considerado um dos piores filmes da franquia - só não sendo o pior por conta do reboot que vamos comentar mais para a frente -, Brinquedo Assassino 3 foi lançado nos cinemas apenas um ano após o último filme. Dirigido por Jack Bender, o terceiro filme é um grito de cansaço do personagem, que já se mostrava saturado e sem criatividade. Na história, oito anos se passaram desde o segundo filme, com Chucky renascendo mais uma vez, ainda motivado a se vingar de Andy, que agora já era um adolescente em um colégio militar. Repetindo as jogadas dos filmes anteriores, Chucky novamente deixa uma pilha de corpos por onde passa, mesmo que dessa vez de forma tediosa.

A Noiva de Chucky (1998)


Quanto custa entrar para a história? Sete anos se passaram desde o fracasso do terceiro filme da franquia e estava claro que era necessária uma mudança nos ares da história do boneco Chucky. Foi nesse cenário que os criadores do personagem fizeram uma das melhores - se não a melhor - jogada de roteiro e de marketing possível: que tal dar ao Chucky uma parceira tão sanguinária quanto ele? Assim nasce a boneca Tiffany, interpretada (quando humana) pela magnífica Jennifer Tilly, que não só foi capaz de renovar a franquia, como foi responsável por uma nova geração de fãs, tornando-se uma personagem tão icônica quanto o próprio Chucky. No filme, dirigido por Ronny Yu, Tiffany, que estava à procura do seu parceiro Charles Lee Ray, finalmente encontra um boneco capaz de acomodar a alma conjurada do seu grande amor, e assim começamos a acompanhar a carnificina que os dois bonecos amaldiçoados viriam a realizar.

O Filho de Chucky (2004)


Dando segmento às desventuras de Chucky e Tiffany, os bonecos voltam em 2004, dessa vez dirigidos por Don Mancini, ressuscitados por seu filho (ou filha) Glen (ou Glenda). Sendo um dos filmes preferidos dos fãs da franquia, nele conhecemos outro lado dos já tão famosos bonecos-assassinos amaldiçoados: o lado paterno e materno dos personagens. Dentro da atmosfera trash do filme, há dezoito anos ele havia sido capaz de colocar questões de gênero em pauta, com a questão não-binária de Glen/Glenda que perpassa por toda a obra. O filme ainda deu origem ao curta-metragem Chucky's Vacation Slides (2005).

A Maldição de Chucky (2013)


Mais nove anos se passaram desde o último filme, até que uma nova fase da franquia se inicia. Com o retorno de Don Macini na direção, A Maldição de Chucky retorna aos ares dos primeiros filmes da franquia: após a morte de sua mãe, Nica Pierce recebe seus familiares em sua casa para as condolências e burocracias pós-morte. Tudo muda quando pessoas começam a aparecer mortas na casa, até que Nica percebe que essas mortes estariam ligadas ao boneco que havia recebido pelo correio dias antes. Sendo um filme bem mais introspectivo que as trapalhadas de Chucky e Tiffany, não agradou tanto, e a nova casa do medo se mostrava mais uma vez saturada, ao mesmo tempo em que também abria um novo caminho para revisitar o já clássico de terror. Apesar das mudanças no filme, personagens antigos fazem suas aparições, jogando com a nostalgia do público.

O Culto de Chucky (2017)


Já em 2017, quatro anos após o início dessa nova história, tendo Nica Pierce como uma das personagens principais, continuamos por essa caminhada introspectiva (porém nem tanto) em O Culto de Chucky. Internada em um hospital psiquiátrico para pessoas criminalmente insanas, Nica está convencida de que matou toda sua família, e não Chucky. Até o momento em que um dos psiquiatras tem a brilhante ideia de trazer um boneco Good Guy como um trabalho terapêutico para Nica. Óbvio que depois disso foi só questão de tempo para que corpos e mais corpos fossem encontrados mortos no hospital. Diferentemente do filme de 2014, em O Culto de Chucky Don Mancini consegue novamente ampliar as camadas da obra, dando espaço para escolhas insanas e divertidas, que foram capazes de impressionar o público e reacender a chama quase apagada de Chucky. Com destaque para os vários Chuckys (sim, Chuckys, no plural) que estão decididos a tomar Nica de uma vez por todas, e com as participações, dessa vez mais importantes, de personagens já conhecidos da franquia.

Brinquedo Assassino (2019)


Considerado o maior erro da franquia (o que é irônico, já que o filme não faz parte da franquia dos filmes de Chucky que citamos anteriormente), Brinquedo Assassino, lançado em 2019, foi uma tentativa de reboot da história do boneco. Reimaginando o filme de 1988, e deixando os autores envolvidos nas últimas sequências de fora do projeto, conhecemos a história de Karen, que presenteia seu filho Andy com um boneco Buddi. O boneco obviamente inicia seu já usual massacre. Previsível e desinteressante, o reboot não só foi criticado pelos fãs de Chucky como também foi ignorado pelo grande público, sendo um erro tão irrelevante que mal é considerado em listas de reboots mal-sucedidos.

Chucky (2021)


Após o fracasso monumental da tentativa de reboot da história e dos dois filmes que não fizeram o barulho dos anteriores, Chucky novamente se mostra como uma franquia de terror com uma capacidade de renovação pouco vista dentro dessa gama de slashers. Mais de vinte anos se passaram desde o primeiro filme, até que o boneco assassino criasse lar nos streamings. Com o retorno de Don Mancini como criador da série, ela é uma sequência direta dos filmes de 2014 e 2017, ao mesmo tempo em que resgata elementos marcantes e pouco trabalhados no que foi feito durante as década de 1990 e 2000. Jack Wheeler compra um boneco Good Guy em uma venda de garagem qualquer, visando utilizá-lo em um projeto de arte. Como sempre, é claro que o boneco estaria possuído pela alma de Charles Lee Ray. Uma onda de assassinatos se inicia, mas dessa vez, ao invés de só acompanharmos as mortes, também conhecemos mais sobre a história de Charles, com flashbacks astutos que não só abrem a história do personagem, como também homenageiam os responsáveis pela franquia do boneco assassino.

Uma quantidade absurda de bonecos Good Guys surgem, os novos personagens se mostram carismáticos ao ponto de não desaparecem perto dos já conhecidos, que voltam à sua melhor forma. Além de, em meio ao humor escrachado já clássico da franquia, as questões de gênero abordadas no filme de 2004 retornam, dessa vez atualizadas para a nossa época, mostrando como um slasher pode sim se manter relevante por mais de três décadas, através da renovação e da criatividade.





Arte em destaque: Caroline Cecin 

Juliana Toivonen
Licenciada em Letras pela Universidade Federal de São Paulo. Entusiasta da literatura de autoria feminina e do resgate de vozes e narrativas perdidas. Pesquisadora na área da literatura portuguesa. Publicou o livro "palavras roubadas de mulheres mortas" pela Margem Edições em 2021.

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