“Haviam dois Princes em nossa casa.O mais velho chefiava a família e o mais novo só se divertia.”(Prince)
O pianista John Lewis Nelson, conhecido como Prince Nelson nos palcos de Minnesota, tinha uma ideia clara quando decidiu o nome que daria ao seu filho. Como ele contou, em 1991, para a revista Independent, seu desejo era que seu sucessor tivesse seu nome artístico para que, desse modo, “fizesse tudo que eu gostaria de ter feito”.
E assim nasceu Prince Rogers Nelson, ou simplesmente Prince, na populosa cidade estadunidense de Minneapolis, em 7 de junho de 1958. Naquele dia estival, o sol atravessava o famigerado signo de gêmeos, anunciando que uma personalidade forte havia acabado de chegar ao mundo.
Desde criança, Prince sabia o que queria. Um de seus desejos, inclusive, era o de não ser chamado pelo nome de nascença, mas de Skipper, apelido dado pela sua mãe, Mattie, para diferenciar o modo como se referia ao marido e ao filho dentro de casa – e que se fez presente no decorrer de toda a infância do cantor.
“Minha mãe me ensinou a escrever no jardim de infância. Começou pelo apelido (Skipper) e depois mostrou o nome: Prince. [...] Todo ano, as outras crianças e os professores faziam brincadeiras com ele, mas isso nunca me incomodou, porque eu sabia que era especial. Ninguém mais se chamava Prince. Só eu.”
(Prince)
Já ao longo de sua carreira, ele adotou diversos pseudônimos: assinou como “Alexander Nevermind” e “Joey Coco” em canções escritas para a escocesa Sheena Easton. Nos anos 1980, registrou-se como “Jamie Starr” em composições da banda The Time; e nos créditos da música Manic Monday, dos Bangles, optou pelo discreto e comum “Christopher”.
As referências ao clássico Purple Rain (1984), que o garantiu o Oscar de Melhor Trilha Sonora de Canção Original, também eram frequentes. Muitos jornalistas gostavam de chamá-lo de “Purple One” (em português, “O Roxo”).
Até então, entretanto, os inúmeros heterônimos não eram motivos para alarde, tampouco atraíam a atenção da imprensa. Isso mudou quando, de uma hora para outra, o cantor decidiu abdicar do próprio nome.
The Artist
Não havia como negar que Prince era um artista extravagante. Afinal, se o seu imenso talento não fosse o suficiente para convencer o mundo disso, a aparência andrógina, as declarações polêmicas, as músicas extremamente sensuais e o figurino espalhafatoso deixavam esse fato claro para qualquer um. Contudo, quando achavam que o músico não tinha mais como surpreender, ele provava que não só era capaz de tal feito, como o fazia em grande estilo.
“Meu objetivo é excitar e provocar o público em todos os níveis.”
(Entrevista para Los Angeles Times, 1993)
Em 1993, Prince anunciou uma mudança imprevisível e inédita na indústria da música: a partir daquele momento, ele não deveria mais ser referido como Prince, mas como um símbolo impronunciável.
O emblema em si já era conhecido pelo público, uma vez que havia estampado a capa do álbum predecessor do cantor, o Love Symbol (1992). Os fãs acreditavam que ele representava a junção dos gêneros masculino e feminino, a fim de celebrar a androginia do artista. No entanto, a interpretação da marca continua em aberto até os dias de hoje.
Em 1996, em seu programa de casamento com a dançarina puertorriquena Mayte Garcia, Prince revelou, de forma extremamente romantizada, que a origem daquela peculiar imagem surgiu em sua mente durante uma meditação na cidade natal da ex-esposa.
All alone, staring at the ocean, he implores the heavens 4 an answer—(Sozinho, fitando o oceano, ele implora para os céus por uma resposta)“What is the symbol? What does it really mean?”(‘O que é este símbolo? O que ele significa?’)A voice says to him, “It’s your name.”(A voz responde, “É o seu nome”)...sometimes freedom moves in mysterious ways(Às vezes a liberdade se manifesta de formas misteriosas)and in the end it’s “whatever peanut butters your jelly.”(e, no final do dia, o que for pra ser será)Most understanding of all is Mayte—his true soulmate,(A mais compreensível de todas as pessoas é Mayte—sua alma gêmea)who simply says with a smile, “never called you Prince anyway.”(que simplesmente diz com um sorriso, ‘nunca te chamei de Prince mesmo’.)(Texto presente no programa de casamento e retirado do capítulo “Seven” de The Most Beautiful: My Life with Prince)
“Ele não se importava que nós, amigos e familiares, continuassem o chamando de Prince”, escreveu Garcia em sua autobiografia The Most Beautiful: My Life with Prince. “Mas quando a mídia passou a chamá-lo de ‘The Artist’, ele não gostou, pois era um jeito bem mais fácil de falar sobre ele – e ele não queria que fosse fácil. Ele queria que, a partir daquela mudança, as pessoas refletissem sobre a própria identidade e sobre o tipo de pessoa que elas idolatram.”
Pouco tempo antes do anúncio do novo nome, Prince já havia provocado murmúrios ao estampar publicamente a palavra “slave” (em português, “escravo”) no rosto. Obviamente, essas mensagens sublimares, e agressivas, do músico instigaram a curiosidade de milhares de pessoas, fossem elas fãs ou não. O que, ou melhor, quem o havia provocado tais reações?
Prince está morto
A vilã por trás da drástica transformação de Prince foi ninguém mais, ninguém menos que sua própria gravadora, a Warner Bros. Records. Em uma declaração no seu antigo site oficial, o The Dawn, o cantor revelou os problemas que estava enfrentando com a companhia discográfica que, por lei e contra sua vontade, detinha de todos os direitos sobre os últimos 15 anos de seu trabalho:
“A Warner Bros. transformou o nome ‘Prince’ em uma marca registrada e usou-o como uma ferramenta de marketing para promover todas as músicas que eu escrevi. A empresa possui o nome ‘Prince’. Assim, eu me tornei meramente uma peça de penhor utilizada para produzir mais e mais dinheiro para ela... Meus pais me deram esse nome e eles o apropriaram. O único substituto aceitável para minha identidade é um símbolo sem pronúncia.”
Tudo começou no ano anterior, durante as gravações do Love Symbol. Pouco tempo depois da renovação do contrato multimilionário, houve um desentendimento a respeito do próximo single do artista, que ainda estourava nas rádios com o álbum Diamonds and Pearls (1991). A gravadora insistia em lançar a canção “7”, quando o cantor acreditava que “My Name is Prince” era uma escolha mais adequada – já que se tratava de uma obra mais leve e acessível, além de contar com uma deliciosa indireta ao adorado rei do pop, e seu rival na indústria, Michael Jackson (“Meu nome é Prince, eu não quero ser um rei”).
Afinal, o músico conseguiu o que queria e “My Name is Prince” foi enviada para as principais estações de rádio. A canção, entretanto, foi tocada pouco, uma vez que o público ainda estava apreciando as baladas de seu último disco, que havia sido lançado há menos de sete meses. A Warner Bros., então, percebeu que era hora de estreitar as rédeas do cantor.
Desde o seu debute com o álbum For You (1978), aos 19 anos, Prince havia presenteado os fãs com um novo LP a cada ano – estratégia que, até então, havia lhe proporcionado seis vitórias nos Grammys. Apesar do sucesso inigualável do artista, que emplacou as paradas com hits atemporais como 1999 (1982), When Doves Cry (1984) e Raspberry Beret (1985), a frequência de suas produções assustava os empresários da gravadora. Eles acreditavam que o mercado, em breve, ficaria saturado de tantos lançamentos e deixaria de investir na música do cantor, pois enquanto seu novo disco chegava às prateleiras das lojas, ele já estava terminando o próximo e começando o terceiro.
Obviamente, Prince discordou dos produtores, mas tentou entrar em um acordo. Ele questionou se havia alguma chance de lançar um álbum a cada semestre, mas, e como já era previsto, teve seu pedido negado. Pouco tempo depois, perguntou se, em paralelo, poderia lançar novas músicas em uma gravadora menor e independente, mas também teve aquele desejo recusado. Diante de tantos impedimentos, o artista ameaçou que deixaria a companhia. “Você não pode”, foi a resposta de um dos funcionários.
Naquele mesmo período, ele descobriu que não detinha qualquer direito de suas músicas. Em entrevista para Robin Ro, autor da biografia Prince: Inside The Music and The Masks (2011), o engenheiro de som Tom Tucker descreveu que o cantor havia ficado “genuinamente magoado” com a descoberta:
“Até então, ele não tinha ideia de que não era dono de suas próprias músicas. Talvez não tenha perguntado ao seu empresário ou advogado, ou eles simplesmente não comentaram sobre o assunto com ele, no momento em que assinou o contrato. Eu só sei que, a partir daquele instante, ele não mudou só o nome.”
As atitudes que sucederam aquele momento dividiram opiniões. A mídia ridicularizou o cantor pela mudança do nome, enquanto os fãs o apoiaram sem debater, cientes de que ninguém tinha o direito de censurar a criatividade que habitava na mente brilhante do ídolo. Mas, para compreender a origem daquela reação, considerada por muitos como exagerada, era necessário entender primeiramente a relação que Prince tinha com as próprias obras.
Ele era mais do que apaixonado pela música; em suas próprias palavras: “sou um músico. E sou a música”. Não só sabia tocar 27 instrumentos, como seus três primeiros álbuns foram compostos, arranjados, produzidos e performados inteiramente por ele. Não havia alegria ou tristeza que se comparasse à importância que a música tinha em sua vida, pois ela era seu único e constante estado de espírito.
“Para mim, a música não tem uma agenda. Eu nunca sei quando ela virá, mas, no momento em que ela chega, eu preciso revelá-la ao mundo.”
(Entrevista para The New York Times, 1996)
Esse fator era traduzido constantemente em seu trabalho: ainda que o funk fosse seu predileto, Prince não tinha medo de experimentar e se aprofundar em novos gêneros, sendo considerado, ao mesmo tempo, uma das maiores estrelas do rock, do groove e do pop.
“A música foi criada para elevar a alma e ajudar as pessoas a tirarem o melhor proveito das piores situações”, ele desabafou, na época, para o jornalista Jon Parales. “Quando eu sento para escrever algo, não quero seguir um manual de regras. A ideia não é e nunca será o quanto eu posso vender com aquela canção, mas qual é o espírito que ela tem.”
Sendo assim, quando a Warner Bros. não só tomou posse de todos os direitos de anos e anos de dedicação, como exigiu que diminuísse o ritmo de seus lançamentos, a sua reação não poderia ter sido outra. Como contou para a revista Time Out, em 1995: "Você percebe como escrever ‘escravo’ em meu rosto já não parece tão estranho? É um gesto que comunica minha posição muito bem. É ao que minha gravadora me reduziu. Então, agora, o Prince está morto, porque eles o mataram".
O tirano do pop
Para Prince, deixar de lançar canções novas era uma tortura, mas nunca foi uma opção. Na prática, ele deveria seguir as orientações da gravadora se não quisesse arcar com as consequências por meios legais; porém, para alguém movido pelo seu amor pela arte, sempre havia uma saída – por mais estreita e escura que fosse.
Em 21 de agosto daquele mesmo ano, estreou a produção musical “Glam Slam Ulysses”, vagamente inspirada no poema épico de Homero, Odisseia. O projeto custou centenas de milhares de dólares, com 12 dançarinos e 13 novas músicas. Infelizmente, a recepção da mídia não foi positiva, sendo julgada como “boba” pelo Los Angeles Times e “uma perda de dinheiro” por outros nomes da imprensa.
Isso não impediu que Prince continuasse lançando músicas em projetos paralelos e fora da indústria musical. Ele distribuiu diversas canções originais para o diretor James L. Brooks, vencedor de três Oscars pelo filme Laços de Ternura (1983), mas, novamente, a audiência não gostou do material utilizado. De acordo com a revista Time, “cem pessoas saíram do cinema no meio do filme, mostrando que detestaram o que ouviram”.
As coisas pareciam não estar indo muito bem para o músico, mas tampouco para a Warner Bros. que, em setembro, passou por uma grande mudança. Após 32 anos na companhia, o executivo Mo Ostin se demitiu devido a um conflito com o presidente da gravadora – o que inspirou diversos funcionários e artistas a fazerem o mesmo.
Como forma de se recuperar do prejuízo, a Warner Bros. aproveitou a intensa, apesar de negativa, presença de Prince na mídia para lançar uma coletânea dos maiores sucessos do músico, que foi impedido de se envolver no projeto – ele até tentou incluir seis novas faixas, mas, ironicamente, foi pago para não o fazer. Apesar de ser descrito pelos críticos como um fenômeno musical de quatro horas, The Hits/The B-Sides (1993) vendeu 500 mil cópias a menos que o Love Symbol e não durou muito tempo nas paradas da Billboard.
The Most Beautiful Girl in The World
Os ventos do outono de 1993 trouxeram uma inspiração violenta na vida do artista, como se zombassem de sua restrição criativa. Em outubro, ele se dedicou completamente à produção simultânea de dois álbuns: Come, seu último disco sob o selo da Warner Bros. a estampar o nome “Prince” na capa, lançado em 1994, e The Gold Experience, que, em razão das novas regras da gravadora, só chegou aos ouvidos dos fãs em 1995. Apesar de estarem sendo desenvolvidos na mesma época, eles possuíam uma sonoridade diferente: o primeiro continha canções mais antigas de seu estúdio pessoal, o Paisley Park, e era movido por um som obscuro, letras unanimemente sensuais e com pouquíssimo teor comercial. Já o segundo retomava as origens funk e pop do cantor, com músicas mais animadas e bem estruturadas, como “Gold” e “319”.
Naquele mês, ele submeteu ambos os projetos para a Warner e demandou que os lançassem no mesmo dia. Mais uma vez, o pedido foi negado; mas a companhia aceitou os dois discos.
Quatro meses depois, Prince retornou para a gravadora com uma nova canção, a romântica "The Most Beautiful Girl in the World". Seu plano era convencer os executivos a deixá-lo lançar como seu novo single, mas, devido à prematuridade do lançamento de Love Symbol, eles recusaram instantaneamente.
O músico, entretanto, contava com outra carta na manga. Ele contatou a Bellmark, uma distribuidora independente que havia se destacado no ano anterior com hits como “Whoomp! (There It Is)” do duo Tag Team, e pediu para conversar com o presidente da empresa, o produtor Al Bell. Aparentemente, apenas Warner Bros. tinha a péssima mania de dizer "não" para um artista como Prince, pois Bell concordou em ajudá-lo a lançar a canção sem qualquer hesitação.
Em dezembro do mesmo ano, diversas revistas começaram a estampar um anúncio de Prince sentado em um tipo de trono e com o rosto escondido por um chapéu, acompanhado dos seguintes dizeres: "Solteiro procura a garota mais bonita do mundo para passar as festas de final de ano”. Não demorou muito para os repórteres baterem nas portas da Warner Bros. e questionarem se ele havia, finalmente, encerrado o contrato. “Ele continua sendo um artista da Warner Bros. e se fizer um álbum, será para nós”, respondeu o vice-presidente Bob Merlis.
Em 14 de fevereiro de 1994, Prince, agora chamado pelo símbolo, lançou a música de forma independente durante a transmissão do concurso Miss USA. Naquela mesma noite, a MTV apresentou o videoclipe oficial da mesma, fazendo com que a canção entrasse quase que imediatamente na parada Hot 100 da Billboard, assumindo o terceiro lugar das paradas. Ela conquistou um certificado de disco de ouro e vendeu mais de 700 mil cópias internamente, provando para a imprensa, e a indústria, que a mudança do nome estava longe de afetar negativamente a carreira do cantor – muito pelo contrário.
Emancipação
Em setembro de 1994, quase um ano depois do envio de The Gold Experience à Warner Bros., Prince decidiu se reunir com os líderes da gravadora para negociar o lançamento do álbum. Antes do encontro, ele escreveu a palavra “slave”, já tão característica de sua nova persona, no rosto, expondo o teor com o qual aquela conversa seguiria. Em um primeiro momento, eles concordaram que o álbum deveria ser lançado antes do Natal, mas, devido a um imprevisto com outra afiliada da gravadora, sua divulgação teve que ser adiada.
Com a mudança na data de lançamento, os assessores de Prince lançaram um press release denunciando a Warner Bros., dizendo que “os fãs provavelmente jamais terão a chance de escutar o que deve ser o melhor álbum de Prince”.
A profecia, felizmente, não se concretizou. Em setembro de 1995, The Gold Experience chegou às principais lojas de disco do país e, apesar de ter vendido somente 500 mil cópias nos Estados Unidos, assumiu o top 10 das paradas musicais e foi aclamado pela crítica, sendo considerado o melhor álbum do cantor em anos.
Algumas semanas depois, Prince chegou à conclusão de que estava na hora de mais uma enorme transformação em sua vida. Em fevereiro de 1996, ele se casou com Mayte Garcia em uma pequena igreja em Minneapolis e, posteriormente, recebeu a notícia de que seria pai. Os primeiros meses de casamento, em paralelo com a espera do bebê, acarretaram o que se tornaria o período mais feliz e inspirador da vida do cantor, fator que transpareceu muito bem em sua música.
Naquele intervalo de tempo, Prince produziu o último disco sob o selo da Warner Bros., o brilhante Chaos and Disorder, que foi lançado em julho daquele ano, libertando-o das correntes que o atormentavam desde aquele verão de 1992. No encarte do álbum, estampava a frase:
“Originally intended 4 private use only, this compilation serves as the last original material recorded by (symbol) 4 warner brothers records - may you live 2 see the dawn.”
(Originalmente planejado para uso privado, esta compilação serve como o último material original gravado por (símbolo) para a Warner Brothers Records – que você viva para ver o amanhecer.)
Ainda que estivesse pronto para recomeçar com o álbum Emancipation (1996), que seria lançado sob o selo da NPG Records e EMI Records, Prince só voltou a se referir pelo seu nome de nascença em meados do ano 2000, com a expiração definitiva do contrato antigo. 15 anos mais tarde, em entrevista para Rolling Stone, ele aproveitou a oportunidade para deixar um conselho aos novos artistas: "Um contrato com uma gravadora é como a escravidão... Se você está começando nesta indústria, aí vai um conselho: não assine".
Referências
- When Prince officially filed for divorce from Warner Bros. (Ultimate Prince)
- A re-inventor of his world and himself (The New York Times)
- The Most Beautiful: My Life with Prince (Mayte Garcia)
- Prince: The Man and His Music (Matt Thorne)
- Prince: A Thief in the Temple (Brian Morton)
- Entrevista exclusiva para Q Magazine (Issue #94)
- Oral history: Prince's life, as told by the people who knew him best (Star Tribune)
- The Beautiful Ones (Fragmentos Autobiográficos) (Prince)
- Prince: Inside the Music and the Masks (Ronin Ro)
Arte em destaque: Mia Sodré
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