Charlotte nasceu em 1816, na Inglaterra. Ao longo de sua vida, foi governanta e professora, até de fato investir em sua carreira literária. As circunstâncias não eram favoráveis a Charlotte, que nasceu em uma família de muitas irmãs, com um pai que ganhava apenas um modesto salário e sem mãe, já que ficara órfã muito cedo. O pai preocupava-se com o que seria de suas filhas quando ele não estivesse mais presente, já que o casamento ainda era a vida mais fácil e comumente seguida para o sustento, no entanto, como essa não parecia ser a inclinação das irmãs Brontë, ele instigou nelas a ideia do trabalho. Suas vidas não foram fáceis, e elas exploraram as circunstâncias que podiam durante um período, sem deixar, entretanto, a escrita de lado. Aos 20 anos, Charlotte teve seus manuscritos rejeitados pelo poeta Laureate Robert Southey, que alegou que “a literatura não pode ser o objetivo de vida de uma mulher e nem deveria ser”. Felizmente, ela não desistiu, vindo a escrever alguns romances, contos e poemas. Criada em um lar cristão, Charlotte fez dos medos incutidos entre o céu e o inferno, e a cobrança pela perfeição, o pior dos horrores para os seres humanos. Faleceu em 1855, aos 38 anos, por complicações em uma gravidez.
O Conto
Publicado em 1833, Napoleão e o Espectro é um brevíssimo conto. Napoleão, o imperador, está em seu leito, prestes a dormir, quando incomoda-se com alguns sons estranhos, que parecem estar próximos demais de seu ouvido. Como se a traição de sua audição não bastasse, velas se apagam e sons de risada começam a surgir de seu armário. Acreditando tratar-se apenas de uma ilusão, Napoleão tenta retornar ao sono, mas é impedido por uma forma, vestida em trajes azuis com detalhes dourados.
A aparição o leva até uma das ruas de Paris, a uma casa cujas moradoras são mulheres com coroas de flores e máscaras que representam a face da morte, entre elas, Maria Luísa, a imperatriz. Tendo sua atenção chamada por uma música de baile, o imperador se vê conversando com Maria enquanto veste suas roupas de dormir, em um estado que não deixa clara a realidade do que aconteceu. Teria sido Napoleão conduzido até o baile por uma aparição soturna ou fora ele vítima do sonambulismo? O breve horror a que Charlotte nos apresenta é um já bem conhecido: o temor de não sermos capazes de confiar em nosso próprio juízo.
"O que é uma ilusão, imperador da França? Não! Tudo o que tens ouvido e visto é a triste realidade que se prenuncia. Erga-se, portador da Água Imperial! Acorde, comandante da coroa francesa! Siga-me, Napoleão, e verás mais.”
Se interessou pelo conto? Você pode encontrá-lo aqui.
Arte em destaque: Tati Ferrari
Comentários
Postar um comentário